Conflito e confronto são coisas diferentes? Por Luciana Goloni.

Como eu falo de Comunicação Não-Violenta (CNV) e Negociação, com muita frequência o termo ‘conflito’ é usado nos meus posts, pois a CNV e a Negociação são conhecidas abordagens de resolução de conflitos.

No meu penúltimo post, em que trato sobre gestão de conflito – link aqui – surgiu uma provocação muito interessante a respeito de quão benéfico pode ser o conflito em uma organização.

E foi trazido o termo ‘confronto’ para fazer uma contraposição, com o argumento de que este sim, seria nocivo à convivência em equipe. O conflito, por sua vez, seria interessante por propiciar crescimento e desenvolvimento coletivo e individual, segundo o comentário super enriquecedor do @Braulino Santos.

Achei muito interessante o tema e resolvi tratar num artigo para que pudesse passar melhor a ideia do que cada termo representa e abrir espaço maior para debate.

De maneira geral, o conflito consegue abarcar todo o conceito de divergência de ideias e objetivos, que, por si só, já exige inteligência emocional para se alcançar um consenso.

Mas, então, por que existiria uma distinção entre conflito e confronto?

A literatura que estuda conflitos em Relações Internacionais traz definições que mostram uma progressão nos seguintes termos: conflito, confronto, guerra e violência.

São termos interrelacionados e que significam uma cadeia de eventos: o conflito gera confronto, que pode levar a uma guerra acompanhada de violência.

É claro que aqui não nos interessa entrar no assunto político, o importante é entender como os autores vêem onde se localizam os termos conflito e confronto e o que distingue os dois.

Fica claro que quando duas ideias se opõem, já podemos ter um conflito na medida em que a oposição fica exposta. E isso pode ou não acontecer porque uma das partes pode optar por não expor a oposição e evitar o conflito.

Porém, uma vez que a oposição está colocada, há duas formas de se seguir adiante:

Uma é o debate de ideias respeitoso entre as partes, no qual se tenta chegar a um acordo sempre visando à manutenção da relação. Nesse caso, temos um conflito e é nesse estágio que é extremamente saudável que as ideias sejam expostas e que o conflito contribui numa organização.

A outra forma de se seguir é: quando a divergência está em pauta as partes competem entre si, querendo minar a chance de o outro ser ouvido e não há interesse em preservação da relação. Nessa situação, não temos mais um conflito e sim, um confronto.

Então podemos ver que a origem é a mesma: oposição de ideias, mas a distinção reside em como se conduz o debate e qual é o objetivo final.

Para que se possa ilustrar bem a importância do conflito, num governo ditatorial, por exemplo, não há espaço para conflito, somente confronto. Não é permitido que se exponham ideias divergentes ao status quo.

Nesses momentos da história é que se entende como é importante a liberdade para se expor ideias e como esse espaço é saudável, corroborando a importância e todo o potencial enriquecimento na convivência com o surgimento dos conflitos.

Você concorda com essa visão sobre a importância dos conflitos?

Deixa aqui sua opinião e compartilha o texto com quem se interessa por esse assunto!

Luciana Goloni é palestrante e consultora em Comunicação Empática. Professora do IDCE Escola de Negócios, é pós-graduada em Negócios Internacionais pela UERJ.