Nos últimos anos, muito se falou sobre saúde física e mental. E não é para menos, são elementos essenciais para uma vida equilibrada. Mas, e a saúde social? Você já refletiu sobre isso? Enquanto nos esforçamos para manter uma alimentação saudável, praticar exercícios e cuidar da mente, um movimento começa a ganhar força: cuidar também das nossas conexões humanas.
Recentemente, o mundo voltou os olhos para o SXSW (SouthbySouthWest), um dos maiores eventos de inovação, tecnologia e cultura, realizado anualmente em Austin, no Texas. Durante o evento, uma palestra em especial chamou a atenção: a da pesquisadora Kasley Killam, autora do livro “A arte e a ciência da conexão”. Ela subiu ao palco para alertar sobre a importância da saúde social, afirmando que essa é a chave que faltava para uma vida mais longa, saudável e feliz. Segundo Killam, ao fortalecermos a saúde social, a mental e a física também se beneficiam.
Segundo a especialista, ambientes de trabalho que promovem laços verdadeiros e conexões autênticas podem aumentar a produtividade em até sete vezes. Isso mesmo: sete vezes mais! Parece quase utópico, mas não é. A ciência está cada vez mais de olho nos impactos das relações humanas no ambiente corporativo, e as descobertas são impressionantes. Não adianta um escritório cheio de cadeiras ergonômicas e ginástica laboral se o coração do lugar está vazio de conexão humana.
Sabe aquele ambiente onde ninguém sabe o nome do colega da mesa ao lado? Onde os líderes falam bonito sobre diversidade, mas nem lembram de perguntar como o time está se sentindo? Pois é. É como pintar a fachada de um prédio que está ruindo por dentro. Porque saúde social não é um enfeite de vitrine, é alicerce.
Agora, feche os olhos por um instante e imagine um lugar onde as pessoas realmente se importam umas com as outras. Onde os colegas são parceiros de jornada, e os líderes não só delegam, mas inspiram. Onde a diversidade não é só uma frase bonita pregada na parede, mas uma realidade viva e presente. Parece utopia, né? Mas acredite: é possível. Dá para construir isso com um pouquinho de boa vontade e humanidade.
A grande verdade é que, para essa saúde social florescer, não podemos conceber intolerância, preconceito e abuso. Não dá para querer criar laços em um terreno infértil. E liderar não é só mandar, é sobretudo ouvir, reconhecer, acolher. É entender que cada pessoa ali carrega histórias, cicatrizes e um monte de sonhos ameaçados pela sobrevivência.
Falar de empatia e humanidade enquanto pessoas são silenciadas? Incoerência pura. A verdade é que passamos tanto tempo endeusando a produtividade que esquecemos de ser gente.
Não se trata de grandes mudanças, mas de pequenas atitudes. Um “bom dia” que não seja automático, um “tudo bem?” que espere resposta e olhe nos olhos, um café dividido no meio da tarde de trabalho. Um elogio sincero que faça o outro lembrar que, sim, ele faz diferença ali.
Porque a vida já é dura o bastante, e não faz sentido endurecer ainda mais nossos espaços de convivência. A saúde social começa no detalhe, no gesto que quebra o gelo, na palavra que acalma o peito, no sorriso que conecta. E, no final das contas, é isso que torna a vida mais leve e com sentido.
Se realmente queremos transformar ambientes de trabalho em espaços mais humanos, a receita não é complicada: um pouco de escuta ativa, empatia e uma dose generosa de respeito. No fundo, o que a gente quer é ser visto, ouvido, acolhido. Fazer parte de algo maior.
Então, que tal mudar um pouco o jeito de se conectar? Às vezes, um gesto pequeno pode ser a fagulha que acende a mudança. Histórias assim precisam circular, inspirar e fazer ressoar a certeza de que ser humano vale muito a pena.
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Link para a palestra de Kasley Killam – https://www.youtube.com/live/Fsg9ZXqpWFg?si=X3N-Aq6Uf3E8qSbs
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Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.