COMUNICAR É PRECISO - As cores de setembro.

Quando a comunicação pode ajudar a reduzir a dor.

Como deixar passar setembro sem falar sobre a vida? Por mais complexo que seja o tema, por mais que doa pensar em como viver pode perder o sentindo para alguém, é importante para mim e para o que eu acredito falar sobre a comunicação para a vida.

Nas questões de adoecimento mental e mesmo social que têm cruzado minha vida, direta ou indiretamente, a comunicação – com suas dificuldades e potencialidades -, mostra-se como elemento-chave.

A dificuldade de entendimento do simbólico e metafórico, os pensamentos cíclicos, ideações ou paranoias estão presentes em processos que vão do excesso do estresse à depressão, neuroses e algumas psicoses.

E o aumento dos casos de doenças mentais é um indicador do quanto precisamos treinar e aperfeiçoar nossos processos de comunicação tendo em vista a qualidade de vida. Segundo a Previdência Social, em 2017, a depressão já era a 10a. causa de pedidos de auxílio-doença, atrás somente de doenças osteomusculares, leiomioma de útero e colelitíase.

Ouvir e não julgar

Tal como máquinas de processamento de carnes, estamos habituados a ouvir o outro já criando rótulos, julgamentos e opiniões em nossa tela mental. Externamos pensamentos remoídos no instante e nem sempre nos damos conta das mensagens reais que o emissor tenta nos passar e seu objetivo de comunicação.

Precisamos não só buscar ouvir com mais atenção e verificarmos o entendimento real do que a pessoa quer dizer, como também precisamos entender se nos cabe realmente responder, julgar ou dar conselhos. Ou só ouvir…

Grandes méritos têm os bons ouvintes, que ajudam por permitirem a quem fala organizar seus pensamentos e chegar a suas conclusões. Conselhos são bons somente quando solicitados, quando há espaço, autoridade de saber ou de afeto, relacionamento e confiança para tal.

Dor não se compara

Outro ponto que me chama a atenção enquanto comunicadora é o mau hábito de medir tragédias, medir dores, tão comum em conversas que têm o intuito de consolar, mas que muitas vezes aumentam a sensação de solidão, já que ninguém é de fato capaz de dimensionar a dor do outro. Dor não se compara.

Quando a razão é clara, ampara a alma

Por fim, setembro não poderia ir embora sem eu deixar de repetir meu mantra, de que quando as razões, motivações e objetivos estão claros, muitos ruídos de comunicação e, consequentemente, muitos processos de sofrimento podem ser minimizados. Fatos são sempre melhores que boatos e teorias permitidas por lacunas de entendimento.

Fernanda Galheigo é jornalista com foco em comunicação interna e fortalecimento da liderança. Mãe de gêmeos, é apaixonada pela comunicação como forma de cura, ferramenta de gestão e de qualidade de vida.