COMUNICANDO NO TERCEIRO SETOR - As ONGs queimam.

As ONGs ardem incessantemente. Ardem em chamas, de fora para dentro. Ardem hoje como ontem e amanhã. Não são elas as incendiárias, ao contrário, são fuligem, restos de uma longa jornada, o combustível que perde espaço para o comburente vindo da ausência de políticas públicas.

Segundo o levantamento ‘As Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil’, do IBGE, mais de 230 mil organizações estavam espalhadas pelo território brasileiro em 2016, sendo que 103 atuavam diretamente com ‘meio ambiente e proteção animal’ na região amazônica. O que esses números podem representar? Serão todas frutos de projetos obscuros agindo em nome de interesses monetários ou representam valores e preocupações reais da sociedade? Certamente, nem todas as organizações brasileiras são idôneas, mas a grande parte deve ser ouvida e levada a sério. As queimadas do último mês resultam de seguidas estratégias – ou falta delas – em um longo período. Arrisco apontar que indicam de maneira drástica a falta de… humanidade… do ser humano com a natureza.

As ONGs queimam porque os esforços, comumente discretos, de décadas de ações – ou tentativas – de cooperação mundial voltada à diminuição de danos ao meio ambiente não foram e nem serão a curto prazo suficientes para frear o frenético ritmo das feridas causadas à Amazônia e a todo o planeta.

Porém, o culpado pela lenta morte terrestre não é apenas um governo, a ausência de políticas públicas eficazes, madeireiros, mineradores ou qualquer outro indivíduo ‘interessado’ nas florestas. Somos todos culpados. A responsabilidade pelo meio ambiente começa e passa por pequenas, médias e grandes iniciativas… ou suas ausências. O lixo, o consumismo, o egoísmo, o desperdício e a inércia estão em você e em mim, em nossos amigos e familiares, nos trabalhos e espaços privados e públicos. Portanto, vamos assumir como sociedade um papel ativo, respeitar fauna e flora, cobrar dos políticos o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias verdadeiramente eficientes no combate aos danos ambientais, além de exigir investimentos suficientes para o controle de potenciais reflexos de interesses escusos. Ainda, ao votar, não nos esqueçamos dos candidatos que demonstram interesse genuíno pelo futuro, não só no período eleitoral. Quando o tema é meio ambiente, todos podemos ser heróis ou carrascos. De que lado você prefere estar?

Larissa Maschio é jornalista formada pela UNESP e pós-graduada em Gestão da Comunicação Integrada pelo SENAC-SP. Contato: maschiolarissa@gmail.com