Quem acompanha os jornais deve ter visto a notícia de que o brasileiro está lendo menos, com uma perda de 7 milhões de leitores, segundo a pesquisa Retratos da Leitura, que monitora o hábito de leitura no país. É um cenário triste, sobretudo porque nós já não tínhamos uma boa média. A proporção de não leitores chegou, pela primeira vez, a assustadores 53% – e o mercado editorial vive lutando por ampliar o público leitor. Muito há o que analisar para reverter esse quadro, mas, meu ponto aqui, é detalhar como a comunicação e o marketing podem contribuir para não perdemos mais leitores e como essas áreas enxergam as pesquisas sobre o tema (no que tange aos desafios de quebrar barreiras).
Se você foi à Bienal do Livro de São Paulo, deve estar se perguntando: – Peraí, mas, os corredores estavam absolutamente cheios, os ingressos dos finais de semana esgotaram e a lotação de jovens foi linda de ver. Acontece que não é só desse público que estamos tratando, daquele que vê eventos do gênero como uma oportunidade de lazer e de adquirir conhecimento respirando o universo literário. Estamos falando daqueles que não têm acesso ou não veem o livro como algo importante. Como atingir essa parcela?
Quando olhamos o marketing e a comunicação como ferramentas para chegar a esse público percebemos o quão importante são as estratégias para trabalhar um livro e o quanto é vital sairmos da zona de conforto para buscar novas alternativas. Pensar em eventos, feiras e ações em comunidades mais periféricas, multiplicar o alcance de conteúdos por meio de influenciadores que conversem com essas pessoas, promover rodas de conversa com potenciais leitores, dar oportunidade para que eles “se relacionem” com a leitura, manuseiem livros, levar autores para falar com esse público, pensar diferente – são alguns caminhos.
No entanto, é preciso olhar a fundo onde estão essas pessoas, conhecer suas histórias para, então, mapear essa transformação. Não é tarefa fácil e tanto o marketing quanto a comunicação não vão resolver o problema, mas são peças-chave nessa empreitada. Se caiu a porcentagem de pessoas que dão livros de presente, por exemplo, há uma oportunidade de fazer campanhas (online e offline) em diversas datas especiais e por que não pensar em uma ação cross com outros produtos que são mais consumidos para presentear? Quando o marketing olha para pesquisas do setor é para observar não só os gargalos mas, sobretudo, as oportunidades, maneiras novas de criar abordagens, histórias, conteúdos.
Como disse o gerente adjunto das Edições Sesc, perdemos um Líbano de leitores. “Perdemos um Líbano e, em três ou cinco anos, podemos perder uma Sérvia, até nos perdermos de nós mesmos”, disse ele. O papel do marketing editorial é tentar encontrar novos caminhos para que não percamos mais e mais, no míudo, na ação pontual e nas grandes ações. O cenário é triste, mas, não percamos a esperança!
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Imagem: pikaso-creations.
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Carolina Bessa é jornalista graduada pela Cásper Líbero, especialista em Marketing e Comunicação para o mercado editorial e Educação. Atuou em editoras como Gente, Grupo Editorial Pensamento e Companhia das Letras, além de agências como Inpress Porter Novelli e Ogilvy. Colabora com players do mercado de livros nas áreas de comunicação e conteúdo.