Comunicação interna: sua empresa precisa, seus funcionários merecem.

Elton Mayo, sociólogo australiano e fundador da Teoria das Relações Humanas, demonstrou – entre 1927 e 1932 – que, para o bem da produtividade, as pessoas não podiam ser encaradas pelos gestores empresariais apenas como extensões das máquinas. Segundo ele, as pessoas produziam mais quando motivadas por uma causa, quando estimuladas e, principalmente, quando ouvidas e consideradas pela organização. A conclusão foi possível através da experiência de Hawthorne, comandada por Mayo, que tinha, entre outros objetivos, estudar os efeitos das condições do ambiente de trabalho sobre a produtividade humana.

Já se passaram muitos anos de 1927 para cá e se isso já era percebido naquela época, o que dizer de agora? As empresas não são as mesmas, os consumidores estão mais exigentes e os funcionários, estes, não querem mais ser apenas executores de tarefas. Eles buscam participação, estudam a empresa, procuram entendê-la, envolvem-se com o negócio, vestem a camisa e se orgulham de fazer parte da equipe.

A eficiência da comunicação se aplica com esse olhar para dentro, ou seja, com a comunicação que se estabelece com o cliente interno. Isto inclui não somente apresentá-la como uma ferramenta para a empresa atingir seus objetivos mercadológicos, porque a gente sabe que hoje o sucesso de um empreendimento não está garantido basicamente pelo fator lucro, melhor dizendo, pelo acúmulo de capital apenas. Ele também está associado ao relacionamento da empresa com os diversos públicos: clientes, fornecedores, consumidores e, claro, com seus funcionários, identificados com o tipo de negócio e com os valores que a empresa defende.

A comunicação interna não só pode, mas deve mesmo se propor a ajudar as pessoas a se sentirem mais participativas, mais importantes e mais felizes no seu ambiente de trabalho. Noutras palavras, significa trazer para dentro desse ambiente, o funcionário, possibilitando-lhe ser muito mais do que um executor de tarefas, ‘uma extensão das máquinas’, como disse Mayo, mas sim, peças-chave desse processo que é a construção de uma imagem positiva da empresa, característica que também se consegue quando os esforços estão voltados para as ações que possibilitam a aproximação da direção com o público interno e entre os próprios elementos que integram este público.

Mas como a comunicação pode atuar no sentido de fazer com que o funcionário sinta orgulho da empresa onde trabalha e em fazer parte da equipe? Como isso contribui para melhorar a sua produtividade? Sem dúvida nenhuma esse não é um trabalho fácil e muito menos tem uma receita pronta, mas investir em relações com os empregados, envolvê-los na organização, estimulando o senso de comprometimento com os objetivos que ela quer alcançar, já será um primeiro grande passo e isto, sim, com certeza, vai se refletir no clima organizacional, na qualidade dos produtos e serviços que a empresa oferece e, claro, proporcionará um retorno financeiro lucrativo, o que será tão somente uma consequência desse trabalho.

Ana Cristina Guedes é jornalista, especialista em Comunicação Institucional e Comunicação Política, e Mestre em Comunicação Social pela Universidade de Valladolid, na Espanha.