COMUNICAÇÃO EM SAÚDE - Qual é o impacto do meio ambiente na saúde das pessoas? Por Isis Breves.

O que a Agenda 2030 têm a nos dizer sobre a urgência global da sustentabilidade ambiental para a saúde coletiva e como comunicar saúde e sustentabilidade?

Quando você estiver lendo esse artigo já estaremos no mês de abril de 2022. Mas, no final de março – quando o escrevo – tivemos duas importantes datas atinentes a meio ambiente e saúde. Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) na conferência Rio-92 para dar relevância global sobre a importância da água potável para a sobrevivência e a necessidade de preservar esse recurso escasso. O acesso à água potável faz parte da agenda 2030 (Objetivo 6 dos ODS): Água Potável e Saneamento – que tem como premissa principal alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos até 2030.

Já o dia 24 de março é o Dia Mundial da Tuberculose, no qual a campanha da Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde – OPAS/OMS de 2022 – trouxe o tema “Invista no fim da TB. Salve vidas!” o qual faz um alerta sobre a necessidade urgente de investimento de recursos para intensificar o combate à doença e cumprir os compromissos assumidos pelos líderes mundiais no cumprimento da Agenda 2030 (ODS – Objetivo 3 – Saúde e Bem-estar). Dentre as metas do ODS3 está acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, além de combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e outras doenças transmissíveis.

E o que as datas têm em comum? Ambas tratam de meio ambiente e saúde pautando a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Um estudo inédito publicado pelo Instituto Trata Brasil, elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) aponta para quase 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto, o que impacta diretamente no acesso a água potável, um determinante social da saúde; o Brasil teve mais de 273 mil internações por doenças de veiculação hídrica e desperdiça 39,2% da água potável captada, quantidade que seria suficiente para abastecer cerca de 63 milhões de brasileiros por ano.

A ONU divulgou o Relatório no 9o. Fórum Mundial da Água 2022 – que aconteceu de 21 a 26 de março, em Dacar, no Senegal. O tema deste ano foi “Segurança Hídrica para a Paz e Desenvolvimento”. O Relatório intitulado “Águas subterrâneas – tornando o invisível visível” mostrou que os recursos hídricos subterrâneos ajudam a sustentar o abastecimento doméstico, os sistemas de saneamento, os ecossistemas, a agricultura e a indústria. E que 30% dos maiores sistemas de águas subterrâneas do mundo estão em esgotamento causado, principalmente, pela captação de água para irrigação.

A pauta é global e urgente, mas ações são locais respaldadas por políticas públicas para que o ODS 6 seja possível até 2030. No Brasil, a longo prazo, a expectativa é de que o Novo Marco Legal do Saneamento (Lei Federal 14.026/2020) acelere a expansão dos serviços de água e esgoto pelo país, cumprindo as metas de acesso à água tratada para 99% da população brasileira e coleta e tratamento dos esgotos para 90% até 2033.

Já sobre a Tuberculose (TB), que é considerada uma doença negligenciada, a qual os determinantes sociais da saúde como as condições de moradias com circulação de ar adequadas, impactam diretamente na transmissão da doença. De fato, as moradias irregulares ou a falta delas e sua relação com o meio ambiente, devido à pobreza, é um fator que influencia na infecção por TB.

o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS) de 2021 mostra que o país continua entre os 30 países de alta carga para a TB e para a coinfecção TB-HIV, ou seja, pacientes HIV positivos são mais susceptíveis à infecção da tuberculose.

Em 2020, o MS registrou 66.819 casos novos de TB com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes.

A Tuberculose ainda é uma das doenças infecciosas que mais mata no mundo. Segundo dados da OMS/OPAS, mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose e cerca de 30 mil adoecem com esta doença evitável e curável. Nas Américas, todos os dias morrem mais de 70 pessoas e cerca de 800 contraem essa doença. Estima-se que em 2020 havia 18,3 mil crianças com TB nas Américas, metade delas com menos de cinco anos de idade.

Tudo isso vem ao encontro com um problema macro ambiental que é o aquecimento global. É notório que meio ambiente e saúde andam de mãos dadas e que a Agenda 2030 – utilizei esse dois exemplos pautados pelas datas de março – para mostrar a importância da sustentabilidade do meio ambiente para a saúde coletiva.

Comunicar Saúde é também comunicar sustentabilidade e meio ambiente. Os profissionais de comunicação que atuam com saúde, assim como eu, devem estar atentos às pautas globais do meio ambiente. Por exemplo, recentemente, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que é um relatório da ONU, diz que tanto os seres humanos como o meio ambiente estão sendo pressionados além de sua capacidade de adaptação. Mas, o que essa afirmação significa?

A temperatura do planeta Terra está 1,5 grau Celsius acima do nível pré-industrial. Com esse aumento da temperatura devido a diversas devastações que o Homem fez ao longo de sua história no meio ambiente ameaça a vida na Terra.

A relação do aquecimento global no planeta é de gravidade para a existência de vida humana e animal. É um desafio que compete aos líderes mundiais tomarem decisões urgentes para que as perdas do aumento da temperatura da Terra projetadas a partir do aquecimento global que temos hoje sejam reduzidas.

Comunicar Saúde é comunicar Sustentabilidade, é comunicar Meio Ambiente!

Isis Breves é jornalista graduada pela Universidade Gama Filho. Especialista em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Fiocruz e MBA em Marketing pela Universidade Castelo Branco. Atua com Comunicação em Saúde desde 2006, passando por instituições como Embrapa, Fiocruz, Rede Hospitalar da Amil e CRMV-RJ. Atualmente lidera a consultoria de comunicação Dose Única – Comunicação em Saúde. https://www.linkedin.com/in/isis-breves/