COMUNICAÇÃO EM SAÚDE - Comunicar Saúde e os desafios de enfrentamento das 'fake news'. Por Isis Breves.

Com o advento das redes sociais, das mensagens de grupos por aplicativos, as fake news são desafio para quem comunica em Saúde. A velocidade e a proporção em que as mensagens falsas são veiculadas é algo assustador e este se tornou, hoje, um problema de saúde pública, pois pode espalhar desinformação, causar pânico na população e incentivar medidas erradas.

Na pandemia de Covid-19, as fake news foram e continuam sendo um grave problema. Em setembro de 2020, foi publicado o artigo “Fato ou Fake? Uma análise da desinformação frente à pandemia da Covid-19 no Brasil” na Revista Ciência & Saúde Pública pelos pesquisadores Cláudia Pereira Galhardi, Neyson Pinheiro Freire, Maria Cecília de Souza Minayo e Maria Clara Marques Fagundes, o qual teve o objetivo de apresentar uma reflexão sobre as notícias falsas a respeito do novo coronavírus mais disseminadas nas redes sociais e mostrar como podem causar prejuízos à saúde Pública.

A pesquisa foi desenvolvida pela análise quantitativa de conteúdo sobre as notícias falsas produzidas e noticiadas pelo usuário do aplicativo “Eu Fiscalizo”. As notícias falsas recebidas entre 17 de março e 10 de abril de 2020 revelam que 65% delas ensinavam métodos caseiros para prevenir o contágio da Covid-19; 20% mostravam métodos caseiros para curar a doença; 5,7% se referiam a golpes bancários; 5% faziam menção a golpes sobre arrecadações para instituição de pesquisa; e 4,3% diziam respeito ao uso do novo coronavírus como estratégia política. A pesquisa apontou que 10,5% das notícias falsas foram publicadas no Instagram, 15,8% no Facebook e 73,7% circularam via WhatsApp.

Em 2021, a revista Veja publicou a matéria “Fake news colocam a saúde em risco – saiba como se blindar”, tratando dos efeitos drásticos para a saúde, como elas se espalham mais rápido que o próprio coronavírus e dicas para se imunizar contra essa praga digital. Checar a fonte é uma das dicas mais relevantes. Se o texto cita a Fiocruz e uma nova vacina, por exemplo, digite no buscador “Fiocruz + nova vacina” e veja se há registros no site oficial da instituição ou nos principais veículos.

Esses são dois exemplos como as notícias falsas precisam ser combatidas como uma epidemia da era digital. Para os profissionais de comunicação que atuam com saúde, as fake news são um desafio que precisa de estratégias para atuar-se na desinformação. Uma das estratégias é desenvolver materiais específicos para fazer circular a informação correta e  respaldada em fontes oficiais nos meios digitais. Outra é desenvolver um canal de serviço para a população poder enviar dúvidas que possam ser respondidas o mais breve possível. Uma terceira é divulgar canais oficiais de checagem de informação confiáveis como a Agência Lupa, Agência Pública, a editoria “Fato ou Fake” d’O Globo, site E-farsas entre outros.

O importante para os que atuam com comunicação em Saúde é (1) desenvolver estratégias de divulgação baseadas em evidências adequadas para tais canais e, dessa forma, já anteceder as notícias falsas. E, caso surjam notícias falsas, é (2) produzir uma contrapartida assertiva em tempo hábil para anular a circulação da desinformação.

Comunicar Saúde é prestar serviço da informação correta à população, contribuindo para a saúde pública e coletiva.

Isis Breves é jornalista graduada pela Universidade Gama Filho. Especialista em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Fiocruz e MBA em Marketing pela Universidade Castelo Branco. Atua com Comunicação em Saúde desde 2006, passando por instituições como Embrapa, Fiocruz, Rede Hospitalar da Amil e CRMV-RJ. Atualmente lidera a consultoria de comunicação Dose Única – Comunicação em Saúde. https://www.linkedin.com/in/isis-breves/