Comunicação consciente, vozes e verdades. Por Cristina Mesquita.

Estamos vivendo uma das transformações mais marcantes na história da comunicação. A internet mudou tudo. Ela não só expandiu o alcance da informação, como também deu voz a quem antes era apenas ouvinte. Hoje, qualquer pessoa com um celular nas mãos pode contar o que vê, opinar sobre o que vive, compartilhar o que pensa. Isso é poderoso.

Com essa abertura, vimos nascer projetos de jornalismo independente, redes colaborativas, plataformas diversas que acolhem múltiplas perspectivas. Ganham espaço o contraditório, o debate, os olhares antes silenciados. Nunca tivemos tanta informação ao nosso alcance. Mas será que estamos, de fato, mais bem informados?

Nem tudo é simples nesse novo cenário. Com tantas vozes circulando ao mesmo tempo, sem necessariamente o compromisso com a apuração ou com os fatos, o excesso pode confundir mais do que esclarecer. Há uma diferença importante entre ter liberdade de expressão e exercer o jornalismo com responsabilidade.

É por isso que precisamos falar de comunicação consciente.

E também da democratização da informação. A possibilidade de acesso amplo e equitativo ao conhecimento é uma conquista significativa. Democratizar a informação é garantir que ela chegue a todos, em linguagem acessível, com diversidade de fontes, respeitando as diferentes realidades sociais e culturais. É romper com barreiras históricas que limitaram o saber a poucos e abrir caminho para uma sociedade mais participativa e crítica. Porque não basta produzir conteúdo: é preciso garantir que ele possa ser compreendido, acessado e utilizado como ferramenta de transformação.

Valorizarmos o jornalismo profissional é essencial. São esses profissionais que se dedicam a ouvir os dois lados, a checar dados, a dar contexto, a narrar os fatos com ética e compromisso com a verdade. Mas isso não exclui o reconhecimento de outras vozes que têm autoridade em suas áreas de atuação. Médicos, professores, artistas, cientistas, pensadores, todos têm contribuições importantes, especialmente quando compartilham saberes de forma responsável e fundamentada. A escuta plural é parte da construção de uma sociedade mais crítica.

Por outro lado, é fundamental saber identificar o que estamos consumindo. O conteúdo patrocinado, por exemplo, precisa ser tratado com clareza. Quando um material tem como base um interesse comercial, ele não pode ser confundido com jornalismo. Isso não desqualifica o valor da publicidade, mas é necessário que o público saiba exatamente do que se trata.

Nesse ponto, entra uma palavra-chave: transparência.

Seja na mídia tradicional, nos portais independentes, nas redes sociais ou nos discursos de instituições públicas e privadas, transparência é o que sustenta a confiança. Significa ser honesto com o outro, deixar claro quando há interesses envolvidos, permitir que as pessoas formem sua própria opinião com base em informações confiáveis.

A nossa missão, enquanto comunicadores, vai além do ato de noticiar. Estamos aqui para abrir caminhos, levantar perguntas, dar espaço à reflexão e contribuir para um diálogo mais justo e verdadeiro. Defender a verdade, acima de tudo, é uma responsabilidade coletiva.

Que esta nova era nos inspire à compreensão clara e consciente do que nos é informado, ao compromisso ético com a palavra, à democratização real do acesso ao conhecimento e à humanização do que comunicamos.

Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.