COMPLIANCE PARA TODOS - Tipos de fraudes corporativas e seu impacto nas empresas. Por Rosana Ribeiro.

Fala-se muito em combate à corrupção, no entanto não há muita abordagem sobre outros tipos fraudes para o público em geral e é compreensível uma vez que a corrupção é um dos maiores problemas no Brasil quando se trata de fraude empresarial, levando muitas empresas a entrar em situações difíceis e prejudiciais aos negócios por ações fraudulentas de sócios, executivos e gestores de alto escalão que aceitam subornos e vantagens para manipular ou falsificar transações. Contudo, há outros tipos de fraudes que também podem trazer prejuízo aos negócios e é sobre elas que iremos falar nesta edição da coluna, assim como o seus impactos nas empresas.

Alguns tipos de fraudes

Ao identificar e descobrir os tipos de fraudes existentes nas despesas corporativas, é possível se preparar para evitar tais práticas, mas para tanto é fundamental criar uma cultura dentro da organização; de ética, de transparência e governança, para assim promover-se uma gestão e uma liderança voltadas à conformidade de gastos.

Também pode-se incentivar e conscientizar os funcionários a manter os gastos dentro das políticas internas de despesas, uma vez que os colaboradores são as próprias fontes de alguns tipos de fraudes, podendo ocasionar resultados financeiros negativos para a empresa.

Fraudes nas despesas corporativas: despesas mascaradas (ir a um restaurante com a família e apresentar a nota para empresa como se fosse um compromisso com cliente); uso de verbas da empresa para fins pessoais (quantia disponibilizada para despesas em viagens sendo usada para fins pessoais, sendo apresentadas como se houvesse mesmo o gasto com alimentação); burlar políticas de viagens (mudanças e atualizações em políticas de viagens, sem prévia autorização, saindo da conformidade de gastos orçados para este centro de custo); despesas infladas (o colaborador apresenta nota fiscal com valor acima do que realmente foi gasto, tendo a conivência de estabelecimentos, lojas e restaurantes); reembolso duplo (solicitação de reembolso para combustível e nota de quilometragem, por exemplo); extravios de comprovantes (o colaborador alega ter perdido o comprovante e informa o valor que quiser); gastos disfarçados como diversos (despesas pessoais em uma viagem corporativa com centro de custos diversos dentro do relatório de despesas); benefício a terceiros (colaboradores com maior autonomia conseguem benefícios, por exemplo, em passagens aéreas e hospedagens para familiares).

Ocorrência de fraudes

Sem querer generalizar, há algumas motivações para a ocorrência de fraudes na empresa tais como baixa fiscalização – considerada um dos maiores fatores que levam um colaborador a fazer parte de esquema fraudulento. A falta ou a ineficácia de uma fiscalização cria oportunidades para se obter ganhos indevidos e imediatos.

A impunidade seria um dos principais fatores que levam ao cometimento de crimes, quando o empresário ou funcionário acredita que não será descoberto ou que sairá impune, as chances de praticar uma fraude aumentam substancialmente.

Outros fatores que potencializam os riscos de surgimento de fraudes dentro da empresa seriam: o excessivo poder de alguns agentes da empresa (o que desperta o sentimento de cobiça e ganância, gerando oportunidades para que tais se beneficiem dessa condição com a finalidade de levar vantagem indevida); razões pessoais (fator ligado à necessidade de recursos financeiros, como também a outros fatores psicológicos ou vingança contra a empresa); centralização de tomada de decisões (este fator pode trazer muitas consequências negativas – o ideal é que a tomada de decisões seja em conjunto).

Impactos das fraudes nas empresas

A empresa que não cuida de sua segurança da mesma maneira que não investe em medidas de prevenção e combate às fraudes perde a confiança dos consumidores e investidores, além de ganhar uma imagem negativa perante o mercado, o qual deixa de considerá-la como um bom negócio.

A perda de credibilidade leva a empresa a sofrer com a redução brutal da preferência e do respeito dos consumidores, tal como de investidores e parceiros que ficam mais receosos em firmar contratos e – consequentemente – a empresa reduz cada vez mais os lucros, o que pode até mesmo levá-la à falência.

Por outro lado, a maioria dos indivíduos que comete fraudes corporativas lidam com informações privilegiadas sobre o negócio e sobre as operações da empresa, além de terem acesso a dados sigilosos que podem valer muito dinheiro no mercado. Neste caso, não é raro haver vazamento de informações importantes da empresa com o objetivo de favorecer os interesses dessas pessoas.

Conclusão

Vale lembrar que o próprio relacionamento com os parceiros deve ser monitorado, pois fraudes ocorridas no ambiente externo também podem afetar a marca. Temos diversos exemplos na mídia e podemos citar as empresas grupo Disney que, ao sinal de certos boatos, declarações ou atitudes do elenco de suas produções, os demite sem esperar que as informações cheguem à mídia. Se bem observarmos, a divulgação do desligamento chega junto com o motivo.

Quando uma empresa sabe identificar e descobrir os tipos de fraudes existentes, da mesma maneira que as oportunidades e precedentes que podem gerar os tipos de fraudes empresariais, passa a criar processos mais seguros, fluxos operacionais mais confiáveis, além de possibilitar a programação de uma série de ações para detectar e prevenir os golpes, como a adoção de tecnologias adequadas e controles de fluxos de aprovação como monitoramento das atividades dos colaboradores, prezando pela saúde financeira e gestão de marca perante o mercado.

Rosana Ribeiro é gestora de projetos com cerca de cinco anos de experiência, MBA em Gestão de Projetos – AVM (2015); trabalhando há mais de dois com compliance. Fez Compliance pelo Insper (2019), e é pós-graduada em Compliance e Integridade Corporativa pela PUC/MG (2021). No momento está em transição de carreira para a área de Compliance.