COMPLIANCE HUMANIZADO - Contrata-se mamães para cargos de liderança. Por Marcela Argollo.

Após ter filhos a mulher inicia um grande dilema na vida que é: “necessito voltar ao mercado de trabalho pois não quero deixar de ser uma pessoa em busca do meu propósito de vida, que agrego valores e conhecimento, porém sinto uma certa culpa em deixar meus filhos e sinto a necessidade de cuidar e educar da melhor forma que posso os meus filhos”.

Não somente isso, mas com o mercado atualmente extremamente competitivo, as mulheres mães estão em uma posição completamente desleal de “competição” para postos no mercado de trabalho. Homens e mulheres sem filhos têm uma maior disponibilidade de falsa devoção às organizações. Quando digo falsa devoção refiro-me a apenas à devoção de horário, pois uma mãe necessita trabalhar contra o relógio para poder conseguir realizar todas as demandas que o trabalho exige e ainda conseguir sair no horário para começar a segunda e a terceira jornadas do seu dia, sendo o papel de mãe e detentora do lar ou até de desenvolvimento profissional em devoção a novos estudos para crescimento pessoal e profissional.

Vejo hoje o mercado começando a dar os primeiros passos para abertura da diversidade com o aumento de olhares para o trinômio ESG. Porém, ainda existe muito caminho a trilhar para se pensar em chegar a um nível aceitável de inclusão. As organizações ainda têm uma tendência em olhar mães como “copos meio-vazios”. Porém, devemos sempre exercitar a nossa empatia e olhar-nos sempre como o “copo meio-cheio” para este item.

Quais são as qualidades e soft skills que uma mulher mãe possui que pode agregar e muito dentro das organizações? O que ela já executa diariamente em casa que se for executar na organização fará da forma mais natural e produtiva possível?

Sempre fui muito adepta a relacionamentos ganha-ganha no qual o a empresa e o colaborador conseguem extrair o melhor de cada um de forma que o colaborador consiga também exercer seus outros papéis na sociedade. Sou da linha da gestão com empatia e amor, nada diferente de uma gestão familiar. Eu, como gestora, tenho que pensar na minha equipe (e empresa) como sendo realmente a minha segunda família. E como você rege uma família? Com amor.

Família e organização possuem as mesmas características, basicamente: valores, objetivos, liderança pelo exemplo, estratégia de produtividade, planejamento estratégico, cultura organizacional, gestão de pessoas e conflitos, e por ai vai…

Portanto, analisando o copo meio-cheio, uma mãe consegue agregar e muito em uma organização com seus soft skills os quais foram adquiridos após iniciar uma família. São eles:

– Paciência
– Resiliência
– Empatia
– Gestão do tempo
– Habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo
– Delegação e trabalho em equipe
– Criatividade
– Gerenciamento de conflitos
– Negociação
– Mentoria
– Gerenciamento de projetos
– Adaptabilidade
– Inteligência emocional
– Mapeamento de perfil de liderados
– Comprometimento

Necessitamos realizar um trabalho de reflexão dentro das organizações para modificação planejada da cultura organizacional para acolhimento das mulheres no retorno da maternidade.

Creio que atualmente estamos ainda engatinhando para as mudanças necessárias nas organizações para a aceitação da mulher mãe no mercado de trabalho. Porém, toda mudança realmente demanda tempo. Sei que futuramente meus filhos colherão os frutos desta mudança de mindset, que é necessária acontecer no mundo como um todo.

Lembre-se: “Seja você a mudança que você quer para o mundo”. Gandhi.

Marcela Argollo é formada em Administração de Empresas e Ciências Contábeis com MBA em Finanças e Compliance. Professora EAD da Fundação Getulio Vargas (FGV) para as disciplinas de Compliance, Controladoria, Planejamento e Liderança Estratégica. Coordenadora EAD da Brain Business School.