Como organizamos nosso pensamento e linguagem? Por Viviane Cupello.

A relação entre a nossa história, as experimentações, os sentidos e a aprendizagem.

‘O mundo é o mundo. Ele ser bom ou ruim, depende de como o encaramos, com muros ou pontes. O mundo só tem o significado que damos a ele’

Essas frases eram repetidas várias vezes pelo meu professor na aula de PNL1 no MBA de Gestão Estratégica de Pessoas. E confesso que, cada vez que eu as ouvia, entendia mais o que ele estava ensinando.

A PNL (Programação Neurolinguística) é uma ciência cuja ferramenta foi criada para entender o processo da mente e reprogramá-la, por meio da linguagem, para entender os comportamentos individuais e/ou em grupos, buscando provocar mudanças para alcançar resultados positivos. Ela estuda como nós criamos a nossa realidade a partir das programações que recebemos desde a infância e que vão construindo a nossa história, crenças e valores.

Como pedagoga, professora, gestora na área de educação e apaixonada pelo desenvolvimento humano, ouvir sobre realidade, infância, crença, valores e história de vida já me encaminha para estudar como as crianças constroem sua realidade por meio de suas vivências, escutas e experimentações. E, claro, vem à mente a construção da minha história e a vontade de conhecer mais de perto a dos meus alunos, buscando um caminho de ajuda em relação às suas aprendizagens.

O cérebro e a mente são os construtores dos nossos sentimentos, emoções, estados e, claro, da aprendizagem. Logo, PNL significa:

P – Programação: registro, desde a infância, na memória, das vivências que gerarão nosso modo de pensar, ver, ouvir, sentir e analisar o mundo.

N – Neuro: nesse exercício do pensar, ver, ouvir, sentir e analisar, desenvolvemos diferentes áreas do cérebro, cujo mapeamento de seu funcionamento nos leva a entender como a mente funciona.

L – Linguística: para nos comunicar, organizar ideias e agir, usamos a linguagem escrita ou falada. Nossas palavras criam a realidade desenvolvida pela linguagem, que é a organização e a estrutura do pensamento.

Então, desde a infância, tudo o que vivemos e experimentamos fica guardado em nossa memória, construindo nossa realidade sobre a vida e o mundo em que vivemos. Nós vamos criando a nossa visão da realidade a partir dessas experimentações, que passam pelos nossos canais sensoriais, e vão construindo relações entre os sentimentos e emoções aos cinco sentidos de percepção.

Quando recebemos uma nova informação, os ativos neurais avaliam e conduzem a formação de percepções e conceitos que vão sendo analisados com base em nossas crenças, valores, contexto emocional e experiência prévia armazenados na memória. Nós guardamos, então, os resultados dessa avaliação e criamos uma representação interna.

Até aqui, entendemos a estrutura e o contexto dessas informações. Mas, o que a escola, a educação e a intervenção do adulto (pais e professores) têm a ver com toda essa lógica?

Fato é que não lidamos com a realidade em si, mas com a representação do que nós fazemos dessa realidade e usamos os nossos canais sensoriais para nos comunicarmos com a realidade interna ou externa.

Os blocos construtores do pensamento, da linguagem e dessa realidade interna nos ajudam a estruturar a percepção do mundo e a significar o que pensamos.

O exercício de identificação da acuidade sensorial (como sentimos ou imaginamos), com descrições baseadas na classificação em sensoriais (sentir) ou imaginárias (imaginar), podem ser entendidas como os adjetivos da gramática (palavras que se referem a um substantivo, indicando-lhe um atributo – aquelas palavrinhas que indicam qualidade, defeito, modo de ser, aspecto ou estado).

Essa grande estrutura pode ser uma excelente ferramenta escolar para ampliação do vocabulário do aluno e melhor subsídio para produções textuais e descrição das suas percepções sensório-motoras, com riqueza de detalhes, descrição do concreto e das imagens.

As propostas pedagógicas construtivistas – que proporcionam às crianças uma aprendizagem mais sensorial -, promovem níveis diferenciados de aprendizagem, por meios dos diferentes canais sensoriais, buscando significado, sensações e criação de memórias sensoriais de representação da história de vida. Há muito significado nas relações sociais e afetivas nessa aprendizagem.

E tal acuidade sensorial permitirá diferenciar o sensorial do imaginário, desenvolvendo, assim, a capacidade de observar e de perceber o ambiente por meio dos sentidos.

Por isso, é tão importante que, desde a primeira infância, as crianças tenham oportunidades de experimentações diferenciadas da aprendizagem, seja pela sensação cinestésica, auditiva, visual, olfativa ou digital.

E então, vamos estimular significados para o que vemos, ouvimos, lemos e sentimos?

Viviane Cupello é amante da Educação, das Artes e de Pessoas. É professora e pedagoga, especialista em Gestão Escolar e em formação na Gestão de Pessoas. Estudou teatro, sempre foi apaixonada pela escrita, escreve poemas no canal ‘Poetizei Poetizamos’ e tem como um dos propósitos de vida o trabalho social. Atua na Educação há 20 anos: é alfabetizadora, lecionou em turmas da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, coordenou o turno Integral e ministrou cursos de Escolarização, Atualização e de Formação para adultos. Fundadora da CAPAS – Ações para Educação, acredita no desenvolvimento humano por meio da Educação.