Como manter o conceito de 'digital wellbeing' em tempos de pandemia? Por Kelly Helena.

– Quantas horas por dia, precisamente, você passa conectado, seja no celular ou no computador?

Achou a pergunta difícil, né? Então, aí vai uma mais difícil:

– Quantas horas você aguentaria ficar desconectado?

Essa mexeu, hein?

Realmente é muito difícil precisarmos quanto tempo passamos conectados porque grande parte do que fazemos ou consumimos vem da internet. Estamos conectados para nos falar, localizar, negociar, paquerar e até para ver as horas. Quantas vezes, mesmo com o relógio no pulso, você foi verificar as horas no celular e aproveitou para dar aquela espiadinha em alguma rede social?

Tudo bem, está perdoado. Você não tem culpa dos rumos que a tecnologia tomou e da facilidade que ela te proporciona. Isso é bom para sua vida e seu dia-a-dia, sim! O que não é bom, assim como tudo na vida, é o excesso dessa conectividade.

A revolução digital trouxe não só inúmeros benefícios à sociedade, como também fez com que ela se tornasse cada vez mais dependente digital e emocionalmente das tecnologias, o que, em se tratando de saúde, também trouxe muitos problemas à tona. Então, analisando e sentindo na pele as consequências desse ‘vício’ sócio/digital, o gerente de produtos do Google, Tristan Harris, realizou há alguns anos um estudo que mostra como a tecnologia afeta a atenção, bem-estar e comportamento das pessoas, o que gerou um movimento que hoje chama-se Digital Wellbeing (Bem-estar Digital).

Você pode dizer: ‘Ah… mas eu sei que passar muito tempo conectado me faz mal’; ou ‘Esse papo de wellbeing é mimimi’, e por aí vai… Mas, se você realmente soubesse, você responderia à primeira pergunta deste texto facilmente… e eu acredito que você não foi capaz de fazê-lo.

Tudo bem de novo. O maior objetivo da tecnologia é realmente lucrar prendendo sua atenção… e ela o consegue com maestria. E, a não ser que você seja uma pessoa supercontrolada e que sabe exatamente quanto tempo passa realizando cada tarefa no seu dia, você está perdoada. Perdoada e presenteada. Pois, graças a esse estudo feito por Harris, empresas como Google, Youtube, Facebook e Instagram vêm inserindo em seus apps maneiras de apresentar o tempo que seus usuários passam conectados e assim fazer com eles controlem melhor esse tempo e esses conteúdos.

É muito bom saber quanto tempo você gasta conectado e com isso poder administrar melhor suas prioridades.

Mas, como lidar com esse tempo em ‘tempos’ de pandemia?

Num momento em que se trabalha na internet, se faz reuniões pela internet, se compra pela internet e nos relacionamos de um modo geral pela internet, como saber a que horas pausar? Como saber que chegamos ao exagero?

Ao mesmo tempo em que vivenciamos o isolamento social e nos conectamos cada vez mais para aliviar o stress causado pelo momento, fica difícil separar os males que a conexão nos traz e como a falta dela também pode ser prejudicial estando em quarentena. Se até médico está atendendo on-line, as aulas de yoga são on-line, o psicólogo também está on-line, como fica essa tendência wellbeing?

É preciso mesmo muita disciplina para nesse período não surtar com a presença e com a falta de tecnologia.

Por hora, vamos nos atentar às redes que mais usamos, quanto tempo estamos dedicando a cada uma e perceber quanto tempo estamos gastando com uma rede que não nos agrega tanto. Não só num sentido pessoal, mas também comercial. Sua marca, seu negócio, também podem incentivar a ‘desconexão’ ou ‘pausa digital’ por um bem maior.

Talvez o conceito de Digital Wellbeing também sofra os impactos da pandemia e acabe sendo reformulado. Talvez, em meio a tanta informação e excesso de expectativas com relação ao nosso futuro, ao futuro da humanidade, seja o momento de pensarmos em como nos manter mais conectados àquilo nos faz bem. Ainda vale deixar a tela de lado e contemplar o Sol, ler um livro ou plantar uma horta.

O que não podemos é deixar que as telas dominem nossos cérebros e corações e nos tomem o que há de mais precioso, nosso tempo!

Usar a tecnologia a nosso favor e manter nosso wellbeing é o lema pós pandemia.

Kelly Helena é formada em Jornalismo pela Unitau, tendo trabalho em jornais impressos, TV, revista, assessoria de imprensa e há mais de cinco anos no Marketing Digital, sendo especialista em conteúdos inbound.