COLOCA NA RODA - Todo dia é Setembro Amarelo: reflexões sobre o papel midiático na prevenção do suicídio.

O isolamento social trouxe muitas questões à tona. A saúde mental é uma delas.

Antes mesmo da campanha Setembro Amarelo – que marca o mês de prevenção do suicídio -, é possível dizer que, em 2020, passamos a pensar (e falar mais) sobre a importância do bem-estar emocional.

Segundo o Google Trends (ferramenta que mapeia os assuntos mais buscados Google), as buscas pelos termos ‘como cuidar da saúde mental’, ‘autocuidado’ e ‘excesso de trabalho e saúde mental’ tiveram um crescimento significativo.

Vale destacar que as pesquisas com o tema ‘como cuidar da saúde mental’ e ‘como cuidar da saúde mental na quarentena’ se destacam nos últimos meses. No primeiro caso, os indicadores revelam uma procura sobre o tema superior a 1.200% nos últimos meses (que correspondem ao início da pandemia) somente no Brasil.

De fato, o distanciamento social e o momento atípico que estamos vivenciando no mundo inteiro afeta as emoções e, inevitavelmente, pode contribuir com o surgimento de doenças emocionais bem como a piora dos quadros já existentes.

Em uma declaração recente sobre o assunto, o chefe de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Renato Oliveira e Souza, afirmou que a Covid-19 certamente aumenta os fatores de riscos de suicídio e questões relacionadas.

‘Nós ainda não sabemos como o aumento da depressão, da violência doméstica e do uso de substâncias afetará as taxas de suicídio, mas é importante conversar sobre o assunto, apoiar uns aos outros nestes tempos de pandemia e conhecer os sinais de alerta de suicídio para ajudar a preveni-lo’, alerta Souza.

Neste contexto, nós, enquanto comunicadores, podemos (e ouso dizer que devemos) fazer parte de um movimento que produz e distribui conteúdo responsável sobre o assunto. Antes mesmo da pandemia, abordar os temas sensíveis já era uma necessidade latente. Sempre foi, aliás.

Obviamente, essa reflexão vem de encontro a um momento doloroso da humanidade. Mas, espero (muito) que essa lição fique para a posteridade. Falar sobre saúde mental de forma empática, ética e não pejorativa é algo que deve estar em pauta com frequência e não somente em situações eventuais.

É claro que as campanhas fortalecem a causa, mas o papel midiático é servir ao interesse público e dar visibilidade ao assunto é fundamental para que o debate não caia no esquecimento.

Não é à toa que 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso ao tratamento e ações preventivas segundo a própria Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por fim, fica o convite para você amigo comunicador ou jornalista: que tal divulgar ações que podem ajudar quem precisa de suporte?

Que tal fomentar o diálogo na agenda pública, fortalecendo iniciativas que oferecem suporte para a saúde mental e psicossocial de pessoas que estão precisando de ajuda juntamente com os familiares envolvidos? Coloca na Roda e me conta quais iniciativas que você sabe que estão fazendo um trabalho relevante para propagar essa temática!

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Foto: Freepik.

Bruna Martins Oliveira é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, onde foi autora da monografia ‘O Transtorno Bipolar na perspectiva da mídia: uma análise do Paraná no Ar’. Atualmente é estudante do curso de pós-graduação em Marketing Digital: Negócios e Estratégias, pela PUC MINAS e trabalha como redatora e jornalista em alguns projetos. Tem experiência no jornalismo de rádio (Grupo Lumen de Comunicação) e trabalhou como repórter freelancer na Secretaria do Esporte e do Turismo do Paraná e no jornal Gazeta do Povo.