CIRCUITO DA LIDERANÇA - O impacto da força feminina no mercado de trabalho. Por Gisele Mírian.

O foco é mulher – carreira, liderança, dilemas, questões. Este universo mágico, incrível, intenso, cheio de papéis, responsabilidades e questionamentos. Uma força que impulsiona, que impacta tudo à sua volta, inclusive, mercado de trabalho.

Acredito que demos um grande salto em termos de posicionamento da mulher no mercado de trabalho e dos seus direitos. A mulher em determinado momento, buscando o seu lugar no mercado, o seu espaço, precisou se ‘masculinizar’ para então ter o respeito, o espaço, a vez, e deixou de lado a sua leveza.

E, agora, acredito que estamos percebendo que não precisamos ser 8 ou 80, que podemos escolher, construir o caminho do meio, entendendo que as duas energias, feminina e masculina, são importantes. Podemos escolher ficar em casa e cuidar dos filhos, ser mãe ou pai, na maior parte do tempo. E entendermos que não é sobre o que é o certo ou errado, mas sim o que funciona melhor para cada um!

No meu trabalho como especialista em desenvolvimento de pessoas, ao longo destes 10 anos de trajetória, percebi alguns pontos em comum dentro dos processos que realizei com mulheres, e cheguei até a pensar que poderia ser apenas uma coincidência do universo. Na maior parte dos trabalhos realizados, fui contratada por empresas que tinham como objetivo potencializar as mulheres que estavam em expansão na carreira, de maneira que pudessem se apropriar dos seus cargos e fortalecer a liderança. Mulheres que estavam saindo de uma posição de coordenação ou supervisão e assumindo uma gerência, ou saindo de uma gerência e liderando uma diretoria. E o ponto comum era que a maioria dessas mulheres acreditavam que não fizeram mais que a sua obrigação, e não se sentiam merecedoras de suas promoções. E muitas delas, até o momento dessas promoções, perceberam que não haviam planejado assumir esta nova posição.

Assim, precisariam parar, respirar para não pirar, e então pensar sobre o novo passo. Afinal, os questionamentos são intensos – quero ser uma profissional bem-sucedida ou quero ser mãe? E quase sempre acreditam que não pode ser adicional, posso isso e isso, e sim que tem que ser excludente, isso ou aquilo.

Outra questão em que também tenho trabalhado, é a do relacionamento interpessoal. Mulheres que assumem altos cargos e posturas agressivas acreditam que, para serem respeitadas, precisam ser ‘fortes’. Acreditam que ser próximas da equipe é ser íntima. A linha é muito tênue, porém, proximidade não é intimidade. Elas não negociam… o salário, os termos, e, principalmente, não negociam com elas mesmas ‘os preços’ que estão dispostas a pagar pelas recompensas que querem ter.

Na maior parte das vezes, nós mulheres, paralisamo-nos de várias maneiras, em coisas grandes ou miúdas, por falta de autoconfiança, por recuar quando devíamos avançar. Interiorizamos mensagens negativas ao longo da vida. Os obstáculos internos raramente são discutidos e são muitos os medos. Medo de ser apreciada, medo de fazer a escolha errada, de ser julgada, do fracasso, da rejeição, de não agradar, e… a ‘santíssima trindade’ do medo: medo de ser má filha/má esposa/má mãe.

Maternidade X Carreira ou Carreira X Maternidade: quanto ainda existe de tabus, questionamentos e dores em cima disso.

Os desafios são muitos e as conquistas também. Como, por exemplo, a revista Forbes Brasil, que destacou na capa deste mês a cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, grávida de sua segunda filha e que fez as fotos 3 dias antes de dar à luz. A reportagem listou as mulheres mais poderosas do Brasil. A seleção conta com empresárias, executivas, gestoras, artistas, chefs, jornalistas, empreendedoras sociais – que contaram suas histórias inspiradoras.

E o mais interessante e importante, é que apesar de muitas mulheres manterem dentro delas questionamentos e dúvidas, elas continuam a jornada, buscam desempenhar bem cada um dos seus papéis, e assim impactam positivamente não só o mercado de trabalho como também e principalmente o meio à sua volta, seja a família, os amigos ou os seus liderados. O fato é que podemos ser fortes e gentis. E ser gentis e generosas, começando por nós mesmas.

Minha admiração e respeito por todas as mulheres que fazem acontecer, que superam seus medos, gerenciam suas emoções, realizam com o que têm de recursos, acreditam em seus sonhos, se respeitam, se admiram, alimentam a sua totalidade, espiritualidade, equilibrando feminilidade e masculinidade. Que dão conta da vida real ao invés de ficarem reclamando que o ideal não se concretizou.

E o meu muito obrigada a todas que vieram antes de mim e suportaram suas dores, desbravaram caminhos, permitindo-me estar aqui, agora, refletindo sobre o que é ser mulher.

No ‘nosso’ mês, feliz todo dia nosso!

Gisele Mírian – Especialista em Desenvolvimento Estratégico de Pessoas (www.linkedin.com/in/giselemirian) – Nordex Consultoria Empresarial (www.nordexconsultoria.com.br).