ANTEVASIN - Gestão Cultural: atuação profissional integrada com outras áreas.

A ideia de conciliar conhecimentos de diferentes áreas é bastante admirada atualmente e até demandada. Dedicar energia no trabalho podendo reunir conhecimentos de áreas diferentes traz desafios, mas especialmente oportunidades de realizações que ligam partes antes desconectadas e oferecem possibilidades de encontrar novos resultados para questões nem tão novas.

Conectar realidades ainda não conectadas, pouco comuns [ou apenas não imaginadas] permite a construção de novas sinapses, a identificação ou reconhecimento de caminhos inovadores, a descoberta de oportunidades.

Imersos em uma realidade complexa, e com um escopo de respostas únicas para as questões do cotidiano que tende a diminuir a cada dia, somos apresentados a um universo de oportunidades infinitas. Entender que a conexão de informações de variados campos do conhecimento amplia as oportunidades de resposta, de trilhas a seguir e resultados a alcançar. Transforma o processo.

Antevasin é uma palavra com origem no sânscrito que representa a saída do centro literal de um ambiente para uma existência nos limites [nas fronteiras] com outros ambientes, em um lugar no qual se pode conviver com ambos. Isso implica em um estado de constate aprendizagem, de movimento e fluidez, no qual se mantém em busca, maleável, em construção, aberto ao novo. E a proposta de viver entre mundos, observando os objetos de trabalho por perspectivas e buscando descobrir formas de alcançar os melhores resultados com contribuições de mestres de variadas origens é realidade para muitos profissionais.

Na gestão cultural, o trabalho com equipes que reúnem expertises e profissionais originários de variados campos do conhecimento está em sua essência. Realizar atividades e entregar produtos que encantam compreende e enriquece o processo com a conjugação de múltiplos talentos. E assim têm-se músicas, livros, pinturas e gravuras, encenações ao vivo e através de registros, todas realizadas com a conjugação de mundos.

Alguns profissionais guardam esse diálogo entre mundos dentro de si. Combinam conhecimentos que transitam entre a estética cênica e as dinâmicas da física e da fisiologia. Aproximam pintura e matemática. Integram música e química. E no contexto gerencial da cultura esses diálogos também ampliam possibilidades. Matemática, estatística, contabilidade, meio ambiente, física, entre outras áreas oferecem oportunidades de colaboração com uma gestão cultural que atenda às necessidades objetivas do cotidiano gerencial, mas também permitam ampliar possibilidades argumentativas, otimizar resultados e energia investidos, conhecer ou reconhecer meios para realizar tarefas.

Enfim, dialogar nas bordas dos mundos. Conviver em variados ambientes. Transitar. Ser, estar e pertencer a diferentes lugares. Reconhecer possibilidades gerenciais trazidas de variados campos do conhecimento mantendo-se disponível a um aprendizado constante. Transformar o ofício do gestor cultural numa experiência por caminhos e com descobertas encantadores em colaborações instigantes. No reconhecimento do padrão de resposta de seu público ao lançamento de um produto identificado na biologia. Na descoberta de abordagens para a apresentação de argumentos econômicos – para diferentes stakeholders – na física com vínculos com a contabilidade. Na apresentação mais clara de resultados alcançados e projeções de médio e longo prazos com apoio da matemática e da estatística. No desenho de estratégias de comercialização apoiados na filosofia.

Ser antevasin na gestão cultural como proposta de atuação profissional é realidade para muitos profissionais. Como habitantes da fronteira, circulando em ambientes que se complementam, abertos ao novo que vive no passo seguinte. Estudiosos orientados a seguir em movimento nas entregas e realizações, movidos pela tradução das metáforas e oportunidades presentes em variados campos do conhecimento: antevasin.

Fonte | Imagem: AN9WA. Disponível em <https://anovamente.wordpress.com/2017/05/29/o-todo-e-maior-que-a-soma-das-partes/>

Daniele Dantas é produtora cultural com experiências em instituições públicas, privadas e do terceiro setor, atuando com artes visuais, teatro, museus e artes integradas nas áreas de planejamento, gestão e produção; prestação de contas e avaliação de projetos, impactos e resultados. É doutoranda na UFRJ / IBICT (Instituto Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia) com pesquisa em ativos intangíveis e valor em cultura, e mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (IBGE / ENCE) com pesquisa sobre construção e uso de indicadores na gestão cultural.

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