A REDAÇÃO É UMA COZINHA - Os ingredientes são bons, mas falta comunicação e disposição para o diálogo.

É hora de sair da cozinha.

Não dá para dizer que o Governo vai mal. Os resultados na Economia, por exemplo, são inegavelmente bons. Num dia, a Bolsa supera os 110 mil pontos; no dia seguinte, supera 111 mil pontos. São recordes históricos e, considerando as circunstâncias políticas e o clima de acirramento entre verdadeiras torcidas organizadas que se combatem desde a posse do presidente Bolsonaro, é um resultado impressionante. O terceiro turno existe e é facilmente identificável nas redes sociais.

E por que falar em redes sociais? Elas são, hoje, a primeira fonte de divulgação de informações. Para o bem e para o mal, têm ocupado o espaço de veículos de comunicação respeitados, os quais estão abrindo mão da função de informar para defender pessoas ou partidos. Numa rede social há informação e desinformação. Ali circulam em grande escala radicais e radicalismo. A impressão que se tem é que uns estimulam os outros, numa catarse coletiva. De todas as crenças e para todos os lados. Quem está lá quer, apenas, divulgar sua verdade. Não quer se informar.

Ouse dizer algo que contrarie o senso comum e se prepare para a reação. Bloqueio, exclusão, ‘gelo’ ou discordância clara, às vezes acompanhada por palavras pouco gentis e agressivas. Quem circula nas redes acaba se acostumando ao que não é saudável. E, pior, atuando como um detonador de outras reações em cadeia.

O Governo assiste, sem implantar uma política efetiva de comunicação e informação. Falta pulso. Atenção, que fique muito claro: eu não estou sugerindo controle das redes sociais ou dos veículos de comunicação. Mas, por que não pensar em uma central de comunicação institucional sólida e com credibilidade suficiente para suprir a lacuna existente? Em pouco tempo a ‘guerra de narrativas’ seria esvaziada.

Depois de obter resultados impressionantes em menos de um ano nas áreas de Segurança Pública, Infraestrutura, Educação e Economia, para citar algumas, o Governo perde por não reforçar o setor essencial da comunicação. Fica, assim, sujeito à atuação de grupos contrários, financiados poderosamente, e passa a ter que correr atrás do prejuízo. Se sair na frente com as informações, será imbatível. Contra fatos não há argumentos. Contra fatos claramente favoráveis, a pós-verdade não pode concorrer. A Comunicação precisa sair da cozinha a que foi condenada há alguns anos e invadir todos os espaços.

Ruth Simões. Nasci jornalista. Não me imagino fazendo outra coisa, nem sabendo que a esta altura da vida não fiquei rica. Em compensação, vivo feliz. Comecei na assessoria de imprensa do Projeto Rondon, depois de passar pela Rádio e TV Nacional, jornal Zero Hora e página de Televisão do Jornal de Brasília. Integrei as assessorias de imprensa do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Ministérios do Trabalho e da Previdência, Radiobrás, TV Globo, TV Bahia, Rádio Senado e tribunais, onde fiz uma espécie de especialização e fiquei nos últimos anos: Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal de Justiça e TV Justiça, no Supremo Tribunal Federal. Sou repórter, editora multimídia e presto consultoria em Comunicação.