A produção em série de “celebridades” descartáveis é um fenômeno notório na sociedade contemporânea. A fama, uma suposta aura que distingue certos indivíduos do universo de pessoas comuns, tem sido amplamente valorizada. Toda uma infraestrutura comunicacional é montada em torno dessas figuras: empresários, assessores de imprensa, fotógrafos, sites e revistas dedicadas a explorar suas vidas e intimidade. Mais recentemente, as redes sociais com milhões de seguidores também se tornaram parte desse aparato.
Marcas diversas investem vultuosos cachês para garantir a presença VIP desses “famosos” em eventos como festas e camarotes de Carnaval, onde bastam algumas horas para que seu brilho efêmero aumente o suposto prestígio das ocasiões. No entanto, um questionamento se torna inevitável: o que essas pessoas fizeram para alcançar tal notoriedade? O tempo em que a fama era conquistada por meio de um trabalho, de talento e performance artisticamente reconhecida – como atuação, canto ou literatura – parece ter ficado para trás.
Na era atual, programas de televisão que vou chamar aqui de “fábricas de celebridades” desempenham o papel de criar ícones passageiros. Os reality shows, em especial as mais de 20 edições do Big Brother Brasil (BBB), exemplificam bem essa dinâmica. Esses programas são especialistas na produção em série de “celebridades” descartáveis, que experimentam seus 15 minutos de fama, são categorizadas como ex-BBBs, mantêm-se na mídia por um breve período e logo desaparecem. Você pode se lembrar de outros programas que existem por aí, que também são bons exemplos desse fenômeno.
Alguns ex-participantes ainda se esforçam para prolongar sua presença sob os holofotes, em muitas ocasiões recorrendo a comportamentos extravagantes. No entanto, como quase tudo na contemporaneidade, a fama é efêmera e volátil. O ciclo exige constantemente novas personalidades, abrindo espaço tanto para os recém-saídos das novas edições dos reality shows quanto para os emergentes das redes sociais.
Este cenário reflete a volatilidade como a sociedade atual, muitas vezes, trata a “fama”. É um ciclo contínuo de produção e descarte, onde a longevidade se perde em meio ao desejo incessante por novidades e entretenimento, mesmo que fugaz. Mas, será que toda essa suposta “fama” realmente importa?
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Chris Santos é profissional com 30 anos de experiência em agências de comunicação, relações públicas, assessoria de imprensa, eventos e marketing digital. Clientes atendidos: Associação Brasileira das Empresas de Software, Unilever, Avon, Lojas Renner, Karsten, Mahogany, Adcos, entre outras. Graduada em Relações Públicas (1990) e em Ciências Sociais (1997) pela USP, com especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP), MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi, e mestre em Comunicação e Política pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.