A comunicação é uma importante capacidade natural dos seres vivos. Desde o canto dos pássaros, o coaxar dos sapos, enfim, o fluxo de informações entre emissor e receptor acontece em nosso planeta por diferentes meios e formas. Dentre os homens, este fluxo inclui os sinais de fumaça dos índios norte-americanos, os tambores africanos, código de bandeiras, cornetas, reflexo de espelhos bem como as lanternas de fogo dos gregos. Nesta coluna trataremos dos tambores africanos e das lanternas de fogo dos gregos.
[Aqui vai uma dica do livro, dentre as fontes desta coluna: “A informação” do jornalista e historiador, James Gleick].Tambores que falam (quando um código não é um código)
Nos primórdios da comunicação humana havia, segundo Gleick, (muito antes do código morse), a linguagem dos tambores na África subsaariana. Era uma linguagem rítmica em código binário, com tambores em diferentes afinações. O tambor é tido por muitos como o primeiro dos instrumentos musicais e a linguagem dos batuques africanos era capaz de transmitir mensagens complexas numa verdadeira correspondência musical.
Citando Gleick: “Ninguém falava de maneira simples e direta através dos tambores. Os percussionistas não diziam ‘Volte pra casa’, mas, sim ‘Faça seus pés voltarem pelo caminho que vieram, faça suas pernas voltarem pelo caminho que vieram, plante seus pés e suas pernas logo abaixo na vila que nos pertence’.”.
Mais: Em vez de “Não tenha medo”, diziam: “Faça o coração descer pela boca. Tire o coração da boca, obrigue-o a descer daí”. Os tambores geravam jorros de oratória. Isso não parecia ser muito eficiente. Seria um caso de grandiloquência descontrolada? Ou outra coisa?
O fato é que durante muito tempo os europeus presentes na África subsaariana não souberam a resposta. Na verdade, nem sabiam que os tambores transmitiam informações.
Cortando o ar parado de uma noite sobre um rio da África, o bater do tambor podia chegar a uma distância de aproximadamente dez quilômetros. Transmitidas de vilarejo em vilarejo, as mensagens podiam percorrer mais de 150 quilômetros em questão de uma hora.
Infelizmente, esta poderosa técnica se perdeu antes mesmo de poder ser estudada em profundidade.
Outra forma de comunicação primordial se refere às chamadas lanternas de fogo – sempre citando Gleick
[Para além do alcance do som] os gregos transmitiam mensagens por meio de tochas carregadas por mensageiros corredores, assim como a pira olímpica, ou através de fogueiras no topo de montanhas para transmitir uma determinada informação.“Os gregos usaram faróis de fogo na época da guerra de Troia, no século XII a.C., de acordo com os relatos de Homero, Virgílio e Ésquilo. Uma fogueira armada no cume de uma montanha podia ser vista por postos de sentinelas a uma distância de mais de trinta quilômetros, ou até mais longe em casos específicos. […] Na versão de Ésquilo, a notícia da queda de Tróia foi recebida naquela mesma noite, em Micenas, a seiscentos quilômetros de distância. […] Não se tratou de um feito qualquer. Segundo relatos, a chama mensageira originada no monte Ida foi carregada por sobre o norte do mar Egeu até a ilha de Lemnos; dali, seguiu para o monte Atos, na Macedônia; então rumou para o sul, cruzando planícies e lagos até chegar ao Macisto; depois ao Messápio, de onde foi vista “por gente alerta que depressa transmitiu a nítida mensagem vinda de tão longe”; ao Citeron; ao Egiplancto; e “ao alto monte Aracne, penúltima etapa, posto avançado atento de Argos”.
[…] Um historiador alemão, Richard Hennig, traçou a rota, mediu o percurso da mensagem em 1908, e confirmou a plausibilidade de uma cadeia de fogueiras. É claro que o significado da mensagem tinha que ser predefinido, efetivamente condensado em um bit. Uma escolha binária, alguma coisa ou coisa nenhuma: o sinal de fogo significava, naquela ocasião “Troia caiu”.Em resumo, a transmissão desse único bit primordial requereu:
(1) a definição de um código; (2) considerável planejamento; (3) um método de trabalho; e (4) lenha (para energia da combustão).
Concluindo
Entre os animais os exemplos são inúmeros. Eu me lembro de uma viagem a Fernando de Noronha, quando vim a saber dos golfinhos rotadores. Além dos sinais sonoros, aquela espécie se comunicaria também, segundo os biólogos, através de suas acrobacias ao saltar girando de diferentes maneiras. Vai saber!
O canto dos pássaros, por exemplo, é outra forma de comunicação que apresenta uma riqueza musical impressionante. São formas de comunicação que representam um campo vasto para a pesquisa, se é que um dia entenderemos o significado de tais mensagens.
Enfim, amigos, a ideia aqui é achar uma forma de se comunicar para ser feliz.
Até breve!
[N.A.: Nota do Autor – inserção do próprio sobre o texto-referência utilizado].–
Mario Marcondes Machado é engenheiro mecânico com mestrado em Engenharia de Transportes e doutorado em Engenharia de Produção. Com passagem pelo setor de transporte aéreo, hoje atua na análise, operação e manutenção de sistemas de produção no setor de óleo e gás. No Observatório da Comunicação Institucional, é associado benemérito e desenvolvedor do aplicativo para aferição do Índice de Transparência Ativa – “Sistema 5R-INDEX”.