A hora e a vez dos 'nanos'. Por Andrea Nakane.

No mundo atual não nos faltam meios de comunicação para que consigamos ter acesso às informações, histórias e relatos que possam fomentar conexões e, assim, prover algo que está intrinsicamente ligado à nossa essência como seres sociais: relacionamento.

Independente da posição social, do nível de educação, do acúmulo de experiências, do poder político, da profissão que tenhamos, se não investirmos em relacionamentos com outras pessoas estaremos fadados a insucessos, em todos os aspectos, pois a vida humana só se realiza em plenitude por meio da socialização.

E nessa roda viva, os influenciadores ganharam status de serem excelentes exemplos de persuasão social.

Mas será mesmo?

Temos acompanhado uma transformação nesse âmbito que outrora até foi configurado como dos maiores, ou seja, daqueles com um volume de seguidores expressivo, que teriam maior persuasão e conquista de audiência; mas, hoje, apresentam-se novas métricas e o menor está sendo considerado mais.

É importante definir que quando você, deliberadamente, tenta mudar o comportamento de outra pessoa usando suas palavras e ações, você está exercendo persuasão. Se o fizer com sua personalidade e você consegue mudar pensamentos, sentimentos e comportamento de outra pessoa, está exercendo influência – conceito defendido pela conferencista de fama internacional e autora de best-sellers, Elizabeth Kuhnke.

Influência diz respeito a ter uma visão do melhor resultado, motivar pessoas a transformar esse contexto em realidade, e é baseada em um cenário de confiança e credibilidade.

Infelizmente, acompanhamos pseudo-influenciadores que buscavam apenas ampliar suas contas bancárias sem realmente ter como propósito uma transformação social, de maior crescimento para todos os envolvidos.

A persuasão está ligada diretamente a influência, pois, por meio dela é que se comunica fatos, sentimentos e, na maioria dos casos, produtos e serviços. Mas uma persuasão sem evidências explícitas de influência, em seu sentido pleno e não figurado, não representa ganho para todos mas, sim, para alguns poucos.

E aí a manipulação sorrateiramente ganha espaço entre nós, já que há muitos por aí que buscam controlar ou tirar vantagem por meios sórdidos, desonestos e cavilosos na busca sem limites pela fama e capital.

E esse cenário é completamente diferente dos anseios da maioria de nós, que busca por autenticidade e verdade.

Tal panorama tem levado a ascensão dos chamados nanos ou microinfluenciadores.

Pode-se compreender essa nomenclatura como criadores de conteúdo que podem gerar mais proximidade e maior conexão com seu público, mais nichados, bem longe da casa dos milhões, geralmente na faixa do milhar, até 10.000. Não são oriundos do mundo das celebridades e não buscam a fama a todo custo. Na verdade, são pessoas comuns, mas que possuem uma influência dentro da sua comunidade, em função de seu lastro, da sua expertise e comportamentos.

Todo mundo recorda a recente viralização das planilhas de influenciadores contendo supostas avaliações de publicitários sobre suas atuações nos bastidores, o que causou não só polêmicas, mas uma percepção de personalidades que não são plenamente alinhadas com os valores que pregam e fantasiosamente expressam nas telinhas.

A transparência e a ligação com a verdade não podem ser desconsideradas, pelo contrário, devem ser os grandes pilares de uma relação.

Apresentar um produto ou serviço só com interesses comerciais, de auto-monetização, não se configura como uma história persuasiva. É uma enganação que usufrui de elementos comunicacionais manipulativos que seduzem e envolvem, mas não há uma ligação direta com engajamento e até mesmo pertencimento.

E as marcas devem cada vez mais mapear com outros indicadores a eficiência e eficácia da contratação dos influenciadores digitais, deixando atributos meramente quantitativos como coadjuvantes e não mais métrica prioritário.

O desafio da comunicação pós-moderna é atuar no âmbito de massa, mas com personalizações para as micro comunidades e, nesse caso, nada mais assertivo que associar-se aos nanoinfluenciadores.

É a máxima do mais com menos fazendo-se valer totalmente!

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas. Registro profissional 3260 / Conrerp2 – São Paulo e Paraná.