Na Era da Comunicação Imediática, o assunto da semana foi o marketing sobre um fatídico posicionamento “daquele que não se pode mencionar o nome” para não ser processado. Ambíguo, eu diria… fala bobagem p’ra ganhar audiência e não quer ser usado como meme, que está duplicando a aparição pública. Me refiro aqui ao caso do “queridinho das garotas” que não se sente confortável na posição de pagar a conta do date por obrigação. Numa infelicidade maior, justificou com a “sensação de sustentar” a crush por se sentir pressionado ao, digamos, cavalheirismo.
Do ponto de vista da comunicação, temos aqui um caso com muitas interpretações que, corretas ou não, estão dando margem para os “formadores de opinião” da internet. Militâncias femininas, defensores da gentiliza, marqueteiros de plantão… todos ligados para não deixar de surfar essa onda. Mas, especialmente sobre o fato da promoção de imagem, me fez pensar em algumas reflexões quanto ao uso das mídias sociais:
1. Todo mundo tem direito de falar o que pensa e acredita, isso é democracia. Mas, ao mesmo tempo, também é democrático externar a opinião sobre aquilo que se vê, principalmente quando se trata de uma figura pública.
2. Ouvindo o texto dele na íntegra, são até “entendíveis” a posição e o argumento utilizados. Não, não o estou defendendo, mas é perceptível que ele não soube se pronunciar e usou termos que (propositalmente ou não) causaram todo o alvoroço.
3. Sobre o “propositalmente ou não”, fiquei juntando fatos e percebi que, atualmente, o dito em questão está fora dos holofotes (das novelas atuais da Globo, no caso). Seria esse um momento para causar impacto e permanecer na boca do povo?
4. Se a ideia é não sair da mente dos brasileiros, por que se incomodar tanto com a repercussão? Um tanto quanto contraditório. Ou talvez esteja com tempo suficiente para caçar marqueteiros e processá-los. E, ainda sim, pode ser só zoeira.
5. Voltando ao tópico 2, não seria esse o momento de buscar uma preparação para se posicionar melhor e ser interpretado da forma que gostaria? Afinal, na comunicação a gente aprende que somos responsáveis pelo que transmitimos, não pelo que interpretam. Contudo, (dedo na ferida), se a gente não sabe comunicar da forma que precisa, a culpa é do outro que não sabe entender? A interpretação é livre, mas como a gente se transmite é o que determina o número de versões.
6. Existe também uma diferença grande entre ser autêntico e ser polêmico. A autenticidade gera respeito e reflexão. Já a tendência do polemizador… é se tornar meme. E isso não tem nenhuma ligação com a carreira.
Não compartilho da mesma opinião que ele, mas não deixo de respeitar o que pensa e o que faz… ele paga a conta que quiser (ou não). É livre para isso e quem se relaciona com ele é livre para escolher. E está tudo bem assim. Foi infeliz na colocação? Muito. Prato cheio para o (correto) discurso sobre diferença entre igualdade de gênero e bom senso? Com certeza… mas, que atire a primeira pedra aquele que nunca falou uma bobagem e se deu conta que o contexto e a forma eram completamente desnecessários.
Enfim, este artigo tem somente a finalidade de ser uma reflexão sobre a comunicação na Era Imediática, na qual o brasileiro prova que a criatividade fala mais alto, mesmo que gere um processo mais adiante. O importante é não perder a piada… ops, o momento.
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Juliana Müller é relações-públicas, presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas e trabalha na área de eventos na Johnson & Johnson. É uma defensora dos eventos corporativos como ferramenta de comunicação estratégica.