A ERA DA COMUNICAÇÃO IMEDIÁTICA - Mas, afinal, o que gera conteúdo relevante? Por Juliana Müller.

Não é segredo para ninguém que cada vez mais temos formadores de opinião em todos os lugares, nas redes sociais, entre amigos, colegas, na fila do pão. Não que toda opinião seja, de fato, relevante, mas todo mundo se acha (e tem) o direito de opinar sobre tudo.

O grande problema hoje é justamente isso, muita opinião para pouca informação. Temos aí algumas vertentes principais: o que é interessante, necessário e de fonte segura; o que é (im)puramente julgamento; o marketing ativo; e, por fim, fake news. Marketeiros, isso não é uma crítica, mas convenhamos que a principal função do marketing e vender… e nem sempre é isso o que o público espera.

Mas, como saber se o conteúdo que a organização compartilha é de interesse comum? O que pode chamar atenção p’ra mim, pode não chamar p’ra você… e nesse sentido voltamos à premissa básica das relações públicas: o estudo dos públicos.

Tudo começo na empatia, colocar-se no lugar do outro. Pense no quanto você gosta (ou não) de comercialização direta de produtos e serviços nas redes que você segue e o que te faz querer continuar acompanhando postagens ‘corporativas’.

Segundo um dos muitos dicionários online, entende-se por conteúdo ‘o que está contido no interior de algo, ocupando parcial ou completamente seu espaço’. Logo, é aquilo que nos preenche… e só preenche o que tem qualidade, também na internet. Ninguém se satisfaz com pouco e se a organização não oferece o seu melhor, deixa de ser interessante.

Compartilho, então algumas dicas para melhorar a qualidade do que chamamos de ‘conteúdo’:

1. A relevância está na simplicidade. Não precisa ser nada do outro mundo, fale das pequenas ações que sua empresa pratica e acredita, como a movimentação dos colaboradores para doação de sangue, por exemplo, Além de gerar engajamento com o público interno, mostra que é uma empresa cidadã.

2. Seja curioso, mas cuidado com a segurança da informação. Busque conteúdos que tenham relação direta com a sua organização. Se você vende pares de tênis, por exemplo, foque em textos, posts e memes (sim eles engajam muito), sobre conforto para os pés, sem necessariamente vender seu produto. Subjetividade é o segredo…

3. Contrate um bom redator. Não deixe ‘qualquer um’ escrever o texto que todo o seu público vai acompanhar. Se tiver erros de grafia, então, os unfollows estão garantidos. Pior do que isso, podem virar motivo de piada ou descrença.

4. Cuidado com a periodicidade. Conteúdo é importante sim, mas não abuse da boa vontade do seu leitor. Por semana, três é mais do que bom.

5. Aliás, além do número de postagens semanais, posts em redes sociais têm um limite de caracteres. Cada um tem o seu. Deixe os textos mais longos para artigos no LinkedIn ou para o blog da sua empresa. Volte ainda à questão do estudo de públicos. Não replique nada pelo simples fato de replicar. Se existem canais diferentes com quantidade de caracteres ideais diferentes, deve haver um bom motivo, não é mesmo? Twitter com os seus 140 que o diga.

Para finalizar, invista em artigos e textos de gestores que fazem a diferença. Procure os profissionais da área para falar com propriedade. Ninguém melhor do que eles para garantir o conteúdo que o seu público espera.

Na semana que vem vamos falar sobre a liderança digital e como ela pode ajudar na reputação da marca.

Juliana Müller é relações-públicas, presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, coordenadora de Comunicação e Eventos da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul, e uma defensora dos eventos corporativos como ferramenta de comunicação estratégica.