A ERA DA COMUNICAÇÃO IMEDIÁTICA - Covid-19 - Evento adiado. Por Juliana Müller.

Não é segredo para ninguém que sou uma profissional RP que acredita muito nos eventos como estratégia de comunicação institucional. Muito além do comunicar através das redes e de belas palavras, os eventos são ações de impacto multissensorial que causam sensações e resultados muito além do que uma propaganda, por exemplo, poderia gerar. Não estou desmerecendo, em hipótese nenhuma, o trabalho dos meus estimados colegas… mas a necessidade dos encontros reais tem se tornado cada vez mais fundamental para as boas relações marca-consumidor-cliente.

Dito isso, voltemos à situação de pandemia que afeta a sociedade global. Ora, mas qual a relação entre eles? Muito maior do que você imagina! Minha timeline, em todas as redes sociais, está tomada de ‘adiamentos’ e isso me fez pensar o quanto os eventos são imprescindíveis para manter o equilibro das coisas.

Vamos começar com um exemplo bem simples. Um grande show musical internacional anuncia turnê no Brasil. Ingressos caríssimos para assistir – de uma cadeira dura (ou de pé) – em um estádio com capacidade para, pelo menos, 30 mil pessoas. Qual o pensamento? Preciso ir, ‘pode ser a única vez deles aqui no Brasil’, ‘nem que faça parcelado em 20 vezes e tenha que acompanhar pelo telão’. Por outro lado, se comprar o DVD do mesmo artista nas Americanas, paga-se no máximo R$ 50,00 e pode-se assistir do sofá da sala pelo menos umas 200 vezes…. mas a gente sabe que a sensação não é a mesma.

Evento é isso, sensação… e com o número de encontros programados sofrendo reajuste para o segundo semestre eu me questiono ainda mais sobre a importância que a gente precisa dar para essa estratégia de comunicação. A gente não cancela porque sabe que são fundamentais para fazer a economia girar também. São tantos fatores que envolvem uma produção de evento que deixar de produzi-los está fora de cogitação.

Aqui não me refiro somente ao show milionário do U2, mas a todas as ações de organizações que colocam em sua grade encontros de negócios, de networking, conhecimento e informação. Tudo o que fazemos para o bem da empresa e do faturamento começa no relacionamento e as relações são fortalecidas em ações presenciais.

Chegamos ao ponto que eu queria reforçar: o fortalecimento das relações através dos eventos. Os encontros estão sendo adiados porque não podemos parar de produzi-los. Em era de contato estritamente digital ou telefônico, ficará ainda mais evidente a necessidade de gerar eventos para que a gente possa retomar os processos organizacionais. A gente não vive sozinho e as empresas precisam aproveitar cada ocasião de encontro com seu público para transmitir sua mensagem. Sabendo que os impactos são mais segmentados e significativos quando acontece um evento, é oportuno que se reveja o calendário, mas não se deixe de estabelecer essa conexão física em algum momento. Uma marca pode fortalecer muito sua imagem se investe em reuniões focadas.

Então, que saibamos usar o limão para fazer uma ‘doce’ limonada. Adie o que for preciso, mas não deixe de acreditar que os eventos vão trazer grandes benefícios sensoriais para sua empresa.

Juliana Müller é relações-públicas, presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, coordenadora de Comunicação e Eventos da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul, e uma defensora dos eventos corporativos como ferramenta de comunicação estratégica.