A economia da atenção e a importância da clareza. Por Cristina Mesquita.

Você pode até não conhecer o termo “economia da atenção”, mas com certeza já viveu isso. Começa lendo um e-mail, aí ouve o apito de uma notificação, entra numa reunião, responde uma mensagem, dá uma olhadinha no Instagram… e, no fim do dia, não lembra o que viu ou ouviu. Pois é. Se você se identificou, está imerso na economia da atenção e isso muda tudo na forma como nos comunicamos.

Hoje, é informação para todo lado, o tempo todo. Cada notificação, cada mensagem, cada conteúdo novo briga pela nossa atenção como se estivesse disputando a final da Copa, mas, como dizem no jargão popular, sem o padrão FIFA. E o resultado? A atenção virou ouro: escassa, valiosa e altamente cobiçada.

Psicólogos e estudiosos do comportamento já vêm alertando; vivemos em um estado de atenção fragmentada. Processamos tudo de forma rápida e superficial, pulando de um estímulo para o outro, sem nos aprofundar em nada. Resultado? Muita coisa se perde no meio do caminho e quase nada realmente engaja. E agora há a propagação de uma onda em que todos se sentem com TDAH. Será mesmo?

Byung-Chul Han, no livro Sociedade do Cansaço, reforça esse cenário. Segundo ele, vivemos sobrecarregados de tarefas e estímulos, o que esgota nossa mente e sabota nossa capacidade de foco. Numa cultura obcecada por desempenho, acabamos distraídos e exaustos. Essa é justamente a base da economia da atenção.

E aí vem o desafio; como comunicar com clareza e impacto se ninguém consegue se concentrar por mais de 15 segundos? Como ser ouvido num mar de estímulos?

Os profissionais de comunicação, principalmente dentro das empresas, estão correndo para se adaptar. Já entenderam que não adianta só criar textos longos e bem escritos. É preciso ser direto e, ao mesmo tempo, humano, falar de forma eficaz, tocando quem lê para reter a atenção.

A chave está em três pilares: clareza, concisão e impacto. Cada palavra conta. As mensagens precisam ser entendidas de imediato. E o formato também importa.

Vídeos curtos de 15 a 30 segundos estão em alta justamente por isso, captam a atenção rapidamente e entregam a mensagem antes que a pessoa mude de aba… Imagens e infográficos também ajudam, comunicando de forma visual e ágil.

Mas atenção, ser breve não significa ser raso. O objetivo é ser relevante e ter conteúdo, mesmo em pouco tempo. Em vez de falar demais, é melhor falar com precisão e no tempo que o outro tem para ouvir.

No fim, a economia da atenção nos força a repensar como comunicamos e consumimos. É hora de ser mais estratégico, mais atento ao comportamento das pessoas e, sobretudo, conectado com a realidade.

É preciso entender que conquistar de verdade a atenção de alguém é o maior diferencial da comunicação atual.

Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.