"Tem de aprender a viver com erros sem culpa". Negociar é preciso. E não é privilégio da profissão "a" ou da "b".

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Link para a entrevista de Jose Pascal Rocha a Tatiana Furtado na seção “Conte algo que não sei”, d’O Globo, publicada hoje (P. 2) – http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/jose-pascal-rocha-mediador-politico-professor-tem-de-aprender-viver-com-erros-sem-culpa-17267374

COMENTÁRIO

Mediação ou negociação é, para nós deste OCI, uma das funções mais cruciais e características das Relações Públicas, ao lado das de gestão relacionamento (por óbvio) e de satisfações à sociedade – em apoio à governança corporativa, tendo como alicerce a ideia de transparência – que passa a ser mais um lema do Observatório da Comunicação Institucional (“Transparência é nossa causa”), ao lado do nosso slogan de marca (“Muito além do discurso”) e do nosso mote de fundação (“Empresas melhores por um mundo melhor”).

Na entrevista em questão, o mediador Jose Pascal Rocha desfia alguns mandamentos da ação do negociador: (a) usar a linguagem do outro; (b) boa gestão, boa vontade e boa sorte; (c) estudar o contexto e entendê-lo, fazendo o diagnóstico da situação; (d) acreditar que os envolvidos têm boa intenção; (e) montar várias estratégias para superar as barreiras da comunicação e apresentar prognósticos às partes, com recomendações; (f) pensar – e eventualmente redigir – um acordo; (g) cultivar a competência que se tem para negociar, aperfeiçoando-a sempre; (h) saber que se pugna pelo próprio fim de sua necessidade; (i) ter a noção de mitigação de efeitos, ao legar menos destruição pós-conflitos.

O entrevistado acredita que sua habilidade de negociação seja inata. Sim, pode ser. Mas também pode ser aprendida. E seria ideal que os cursos de Relações Públicas, ao lado dos de Diplomacia, Relações Internacionais e Relações Comerciais fossem muito bons no ensino de técnicas de mediação.

Contexto atual – relacionado à matéria – no país

Este ‘clipping’ comentado de hoje levanta a questão da mediação de conflitos e da capacidade de negociação como habilidades inatas de algumas pessoas – um dom. Concordo com a ideia. Ninguém é ‘dono’ do princípio da busca da harmonia, embora as Relações Públicas possam ser ensinadas – e aprendidas – sob este signo.

No composto de 4 Rs das RP Plenas, a mediação/negociação foi por mim elencada como tática na instância do “Relacionamento”. Mas isto não quis defender, de forma alguma, que tal mister devesse ser ‘privativo’ de errepês. Como sabemos – e cada vez mais isto se prova – as inúmeras atividades sob a égide de Relações Públicas podem ser exercidas por qualquer pessoa que possua talento (ou treinamento) para tal.

Infelizmente, o que se verifica é que uma regulamentação estabelecida no Brasil por visionários, na década de 1960 – os quais anteciparam um conjunto muito eclético de habilidades sob uma denominação, uma regulamentação profissional e uma formação única (em termos globais!) no nível da graduação universitária – vem sendo posta em descrédito, para pasmo geral, justamente pelos próprios candidatos a exercerem a tal profissão com “corpus técnico” autônomo, único, diferenciado. Triste fim de um glorioso sonho que se ‘sonhou junto’.

Na mesma edição d’OGlobo (aqui em link para o Extra), (P. 23), matéria relacionada – http://extra.globo.com/noticias/mundo/aula-de-amor-com-audiencia-renovada-17279453.html

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).