Relações Públicas Globais, uma reflexão e a emergência de nosso movimento como líderes. Por Marlene Marchiori.

Deu no website da Aberje em 27/11/2015:

Vive-se uma governança global e, nesse contexto, Relações Públicas pode ampliar suas pesquisas e ações acadêmicas e profissionais relacionadas ao que se pode compreender como uma nova área de estudos Global Public Relations (GPR) (Molleda, 2009; Sriramesh and Vercic, 2009). As organizações vivenciam virtual ou fisicamente interações com diferentes públicos para além do seu país de origem, a fim de construírem dinâmicas de relacionamento com suas audiências. Os estudos desenvolvidos pela Arthur W. Page Society (2007) sugerem que organizações e instituições estão enfrentando um paradigma que tem a convergência de três forças: a realidade da globalização e do empoderamento de novos stakeholders, a emergência de uma revolução das redes digitais e as mudanças no contexto dos negócios e da sociedade.

Esse relatório indica que os gestores de comunicação definam os valores da organização, desenvolvam redes de relacionamento e alterem realidades em um mundo de transparência radical. Torna-se prioritário nesse direcionamento que o ensino das Relações Públicas amplie a análise da cultura e da identidade organizacional, assim como da imagem e da reputação, vislumbrando tornar as organizações elementos de valor ativo no mundo globalizado. (Consultar Coleção Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional http://www.uel.br/grupo-estudo/gefacescom/ )

A relação entre organizações e comunicação é defendida por Stohl (2005), uma vez que as ações organizacionais, desenvolvidas por pequenos ou grandes grupos de indivíduos, acabam por influenciar a trajetória da globalização. Esse mundo contemporâneo nos leva naturalmente a refletir sobre os processos e a aprendermos continuamente, o que significa compreender as audiências como aquelas que encontram sentidos naquilo que desenvolvem nos diferentes ambientes. Somos sujeitos cada vez mais exigentes, o que requer das organizações interações autênticas. Isso significa, para as organizações, estimular relações de confiança com suas audiências. Dessa forma, percebe-se que instigar redes de interações entre diversos níveis e dimensões na sociedade contribui significativamente para a contínua reconstrução da vida dos sujeitos, o que conduz a modificações dos padrões imersos na sociedade global.

Para tal, Global Public Relations (GPR), ao considerar globalização como processo dinâmico e interdependente, pode vir a transformar a sociedade pautando-se em relacionamentos envolvendo as diferenças interculturais, nas quais o local e o global emergem e se fortalecem, criando e estimulando novas formas de aproximação, valorizadas pelas audiências que encontram sentido em suas manifestações. Essas dinâmicas sugestionam mudanças reflexivas nas identidades das pessoas e dos grupos, movendo as preocupações de uma base local para uma mais universal, não perdendo sua identidade, o que implica na mudança dos discursos e no constante reexame das práticas sociais à luz de novas informações e relacionamentos (Stohl, 2005).

As organizações e a comunicação estão ligadas dentro de contextos comunicativos capazes de modificar suas vidas através das práticas, recursos, restrições e condições da ação social (Schoeneborn et al., 2014). Assim, o ensino das Relações Públicas deve ser direcionado para o conhecimento dessa realidade global, na qual o valor dos relacionamentos estará emergindo como preocupação estratégica e de construção de cultura e identidade dos negócios, para que o processo de formação de imagem e de reputação, com suas inúmeras interações, seja uma consequência natural e de relevância nesse mercado. Educadores e profissionais do mercado devem ter proximidade para que ocorram trocas e aprimorem o nível de conhecimento e apresentem inovações. O desenvolvimento de um corpo de conhecimento global pode se pautar nos resultados das discussões que se encontram no documento da Comissão de Ensino das Relações Públicas (2015), que inspiram novos agires.

As pesquisas mostram a necessidade de se ampliar o olhar para a atuação dos executivos de comunicação que transformam as organizações em espaços de interações com suas audiências, sendo os relacionamentos autênticos sua essência. Assim, exige-se desses líderes papéis significativamente diferentes e desafiadores nesse novo contexto global.