População apoia prova para médico e engenheiro.

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Vale tudo?

Não!

Má notícia para aqueles que torcem para o Brasil voltar no tempo, desregulamentando profissões.

Conforme matéria de Renata Mariz, publicada ontem pelo jornal O Globo (P. 24), os brasileiros apoiam exames de ordem para exercício profissional. Segundo o Datafolha, são 94% da população.

O caso da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – é o mais emblemático desta necessidade, uma vez que uma média muito baixa (sempre ao redor de 10%) de bacharéis em Direito tornam-se advogados certificados para atuar profissionalmente no mercado de trabalho. Ou seja, 9 em cada 10 bacharéis não têm as condições mínimas para o exercício da advocacia.

O Sistema CFC-CRC, dos contabilistas, recentemente voltou a aplicar uma prova de ordem. Ou seja, separou os bacharéis em Ciências Contábeis dos Contadores habilitados e, portanto, certificados.

Aliás, o mesmo deveria valer para o “mercado da comunicação”; diferenciar-se “bacharel em Jornalismo” de “jornalista” – que é a classificação profissional exclusiva daquele que atua em veículo de comunicação formalmente caracterizado. Seria ideal acabar – isto sim – com a farra sindical, “confederada”, de vender carteirinhas com o dístico IMPRENSA a quem quer que seja. A exigência de diploma de nível superior para o exercício do Jornalismo pode até ter acabado – do que este OCI discorda essencialmente -, mas escrever ao público com ética continua sendo algo basilar.

Em temos de desregulamentação, por sinal, este OCI concorda com a criação da prova de ordem para o exercício das Relações Públicas. Entendemos que cursar a faculdade, apenas, pode – eventualmente – não preparar perfis adequados para as responsabilidades inerentes à comunicação institucional.

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No caso do poderoso CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), não há uma prova, mas uma campanha permanente da autarquia que alerta a cidadania (e os próprios registrados): “A.R.T. – o seu documento mais importante depois do diploma”.

A.R.T. vem a ser, na linguagem das profissões regulamentadas (e são apenas 62 em todo o país, num universo de 2.512 ocupações reconhecidas pelo Catálogo Brasileiro de Ocupações – CBO – do Ministério do Trabalho e Emprego), Anotação de Responsabilidade Técnica – o que coloca “na reta” de quem se sente prejudicado por um mau profissional ou uma má prática o “nome do santo” a ser chamado às falas, a ser responsabilizado.

Será que alguém – de boa fé – ainda acredita que, no mundo complexo de hoje, a informação de caráter institucional seja algo que possa ser trabalhado sem responsabilidade técnica?

Nós, deste OCI, acreditamos que não.

Há, porém, aqueles que de má fé, pugnam pela simples desregulamentação das profissões, apostando numa espécie de “topa tudo por dinheiro”.

Link para a íntegra da matéria – http://oglobo.globo.com/sociedade/brasileiros-defendem-exame-para-engenheiros-medicos-indica-pesquisa-16950932

Em Tempo: o incensado – e privado – P.M.I. (Project Management Institute) que não é nenhum “burocrata estatal de plantão”, como desregulamentadores gostam de achincalhar quem respeita e quer fazer respeitar a lei, também exige curso, prova e certificação para aqueles que querem exercer na plenitude o papel de “project managers”, atuando profissionalmente no gerenciamento de projetos. Isto sem falar de Microsoft, IBM, SAP, e outras empresas de tecnologia, as quais “certificam”, a partir de provas de proficiência, profissionais para exercício ético (e, nesses casos, a ética é também estabelecida pela “classe” dos próprios profissionais, coletivamente), com seus produtos e serviços, no mercado.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).