NA CAPA d'O Globo: Falta de transparência - Planalto está sem câmeras há 8 anos.

Deu n’O Globo de hoje (P. 7): Planalto não tem câmeras de segurança desde 2009 (citando matéria da revista Veja desta semana).

LINK – http://oglobo.globo.com/brasil/planalto-nao-tem-cameras-de-seguranca-desde-2009-diz-ministro-do-gsi-20776038

COMENTÁRIO – Só que não…

Parece que esbarramos em um sério equívoco quanto àquela qualidade que é, para o OCI, uma de suas causas: a transparência (a outra é a comunicação pública). E o erro com relação ao atributo ‘transparência’ desserve ao cidadão na precisão da ideia do que seja isto, algo sempre em seu benefício.

Outra coisa: onde está a garantia de que câmeras de vídeo produzem transparência?

Certo que se está tratando do Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro. Mas será que um sistema interno de tele-visão (e de gravação de imagens) deve ultrapassar a sua função precípua de segurança interna e chegar até o público (ou à justiça)? Cartas para este OCI.

Nós consideramos que não. E acreditamos que a recente investida midiática do Gabinete de Segurança Institucional (sob Michel Temer) tem objetivos obscuros – ou seja, nada transparentes. Talvez, cravar mais algumas estacas na finada gestão petista – embora com resultados muito controversos. Para nós, o tipo de atitude que o senso comum costuma chamar de ‘tiro no próprio pé’. Senão, vejamos se não contêm alto teor tóxico as seguintes afirmações, constantes da matéria:

‘Ministro [general Sérgio Etchgoyen] diz acreditar que medida foi tomada para evitar registros’…

‘O Palácio passou anos em que, convenientemente, não se registrou nada’…

Transparência não deve ser confundida com voyeurismo, em nossa opinião. Até porque, autoridades ou não, pessoas com intenções de delinquir procuram fazê-lo bem longe das câmeras e dos microfones. De que adianta uma coreografia palaciana bela, recatada e irreparável, se os dançarinos produzem crimes fora de lá, na escuridão das ruas, no escurinho do cinema ou na feérica iluminação de torres e shoppings por Brasília – e Brasil – afora?

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).