Quando as primeiras notas apareceram nos jornais de grande circulação, pareciam mais daquelas matérias que não interessam ao grande público e que vão encolhendo e “escorregando” para páginas menos centrais das edições até… literalmente… desaparecerem.
Mas a matéria “Aeroporto [‘Nasp’] provoca briga de gigantes”, no jornal Valor Econômico de ontem assustou-me. E a leitura da mesma (vide link 1 ao final deste clipping) vale a pena para reforçar uma hipótese: a de que os grandes conglomerados empresariais (como vaticinou, em 1983, Ben Bagdikian em seu livro “O monopólio da mídia”) utilizam os media (que adquirem ou que cooptam por meio das grandes – e tortas – assessorias de imprensa) para “plantar” suas bases argumentativas, manipular players (quiça cotações em bolsas de valores) e estabelecer trincheiras – a que irremediavelmente também chegarão seus concorrentes, igualmente munidos de poderosas assessorias e/ou seus próprios escribas e veículos.
Uma suposta medida provisória, em vias de ser publicada pelo governo federal, “introduziria imprevisibilidade” no setor aeroportuário, o qual passou por recentes leilões de concessão baseados em pesados investimentos privados de longo prazo. Claro está que, para prejuízo do governo brasileiro e do povo brasileiro (que está sempre a pagar por melhorias de serviços que nunca chegam – vide o escândalo da “mobilidade urbana-promessa da Copa”), tais players já dizem, preventivamente, que “obviamente, as contas dos nossos investimentos no aeroporto [do Galeão] serão afetadas negativamente e nós buscaríamos o reequilíbrio econômico do contrato”. Ou seja, aquilo que foi contratado não será cumprido a não ser se re-precificado por aditivos ou contentamento com entrega a menor. (Vide link 2).
Tudo isso é muito difícil (talvez impossível) de ser provado e, quotidianamente, passa batido por aqueles que se dedicam a estudar – e a fazer – comunicação (jornalística, publicitária e institucional).
É como se o mundo dos negócios não pudesse ser escrutinado por nós, comunicólogos. Serviríamos apenas para apurar, reportar, criar, agenciar, veicular. Nunca para pensar e – talvez – deixarmos de ser tão manipulados quanto eleitores, acionistas minoritários e consumidores deste Brasil varonil (ajudando maus empresários a prosperar debaixo de nossos narizes).
Link 1 – http://agenciat1.com.br/aeroporto-provoca-briga-de-gigantes/