Série de reportagens no programa "Cidades e Soluções", da Globo News, aborda a maquiagem verde.

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Hoje, tive a oportunidade de assistir o programa Cidades e Soluções na Globo News. O jornalista André Trigueiro, que comanda a reportagem e a apresentação do programa, foi à sede da PROTESTE, no Rio de Janeiro, para mostrar o resultado de uma pesquisa (feita em dois supermercados cariocas) sobre maquiagem verde (greenwashing), que é o processo de comunicar – enganosamente – compromisso com iniciativas sustentáveis do ponto de vista do meio ambiente.

Marcas como Cotton (de papel higiênico), Bom Bril (palha de aço) e Fiat Lux (fósforos), entre outras, foram flagradas no descumprimento de normas técnicas e boas práticas de comunicação para com o consumidor.de seus produtos. Selos “fake”, desenvolvidos “dentro de casa”, com desenhos pueris – contendo folhas, caules, mãos abertas e gentis gotículas – foram mostrados.

As próprias fabricantes e, também, empresas de relações públicas, puseram-se a defender-se, entre elas a Encaso Comunicação Corporativa e a FSB Comunicação. Patéticas, as explicações e justificativas.

O programa – que saudamos (e que continua na semana próxima com a experiência europeia no tema) – foi totalmente calcado na comunicação mercadológica, a qual peca, nas embalagens, pela falsidade e pelo logro da boa fé dos consumidores.

O técnico entrevistado cobrou a “rastreabilidade” pelo consumidor como uma demanda irrecorrível, e advertiu que embalagens trazem informações “ambientais” “teóricas”, mas sem qualquer informação técnica fidedigna para o consumidor – que teria que rastreá-la, em website, por exemplo.

Mas… e a questão REAL das ações? O selo de celulose oriunda de processo de reflorestamento sustentável – do órgão FSC – deve-se a certificação internacionalmente aceita e não admite que o comprador de matéria-prima certicada declare “conformidade” em seu produto final.

E conclui, André Trigueiro: – Não há lei sobre rotulagem de produtos no país. Há o CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária).

Indagado, o CONAR – em nota – declarou que não pode manifestar-se sem que seja aberto o devido processo de análise, internamente.

Concluo eu: – É insuficiente. A ação – de desinformação – das empresas. A atuação anódina das assessorias “de imprensa”. A própria educação para o consumo em nosso país, nula.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).