Um exemplo recente da falta de transparência é o que acontece com os repasses federais aos municípios por meio das emendas parlamentares. Esta é uma das várias causas do Brasil ter decaído no ranking da Transparência Internacional.
Quando tratamos de transparência, ativa – como a preconizamos no O.C.I. -, o papel do RP é o de um vetor parte integrante da governança (pública, privada ou no Terceiro Setor).
E como cidadãos conscientes em um processo democrático, exercemos nossa cidadania por meio do controle social, buscando informações via Lei de Acesso à Informação (LAI) e portais de transparência já disponíveis. Uma das formas que as organizações têm de demonstrar transparência, ainda que passivamente, é nos relatórios de gestão.
Faço uma síntese do reporte integrado do TCU no artigo “A ponta do iceberg”, extraído do Instituto dos Auditores Internos da África do Sul (Prestação de contas – Contas | Portal TCU).
Uma das funções da auditoria interna é avaliar os controles que uma organização tem com o objetivo de elevar o nível da prestação de contas, melhorar a qualidade e a profundidade das informações oferecidas às partes interessadas. O processo é uma ferramenta que auxilia as organizações a promover conversas mais integradas, dar foco às coisas importantes e às ações que trarão os resultados desejados.
Os 4 princípios da governança são: a imparcialidade, a prestação de contas, a responsabilidade e a transparência. Este é o pacote de accountability que demanda comunicação.
A principal tarefa da liderança é criar valor
É criar sustentabilidade além da competitividade, com equilíbrio a longo prazo. E como estamos criando, gerindo e preservando valor? Como mensuramos o valor que criamos? Estamos deixando de criar valor para alguma de nossas partes interessadas?
As relações públicas na construção da matriz de materialidade
Quando o Observatório da Comunicação Institucional propõe que relações-públicas sejam vetores essenciais da governança corporativa, podemos citar como exemplo prático a construção de matriz de materialidade. As guias-mestras são a sua importância para a organização e sua relevância para os stakeholders.
De acordo com o IAASB (International Auditing and Assurance Standards Board), um relatório deve:
- Ser envolvente e fácil de ler, com linguagem simples e sem jargões;
- Ter elementos visuais para tornar as informações mais sucintas, acessíveis e comparáveis;
- Facilitar a comparação com o trabalho de colegas, assim como o desempenho ano a ano;
- Ser voltado para as questões materiais da organização;
- Ser equilibrado quanto às informações positivas e negativas importantes sobre a organização, seu desempenho, histórico e cenário futuro.
Quando o Relatório Integrado é apenas uma compilação de diversos relatórios delegado a um departamento de Marketing, o objetivo do documento se perde, demonstrando clara falta de entendimento. E não há maquiagem que o sustente. O discurso tem que estar alinhado com a prática.
Se o pensamento também for integrado, enraizado na cultura da organização, o processo de reporte fluirá, destacando as lacunas que a organização pode retificar, promovendo um processo dinâmico e melhorando continuamente ao longo do tempo. O exercício de relações públicas plenas observadas na dinâmica dessas informações e na coesão de pessoas, departamentos, núcleos ou grupos de trabalho, ficam responsáveis por lubrificar essas engrenagens.
A auditoria interna desempenha um papel de avaliação e de orientação. Na avaliação, temos a visão de processos e na orientação, ligamos os pontos e articulamos as tendências em desenvolvimento.
O objetivo maior não é só mostrar uma organização transparente e sem falhas, mas sim reconhecê-la, mostrar quais medidas estão sendo tomadas nos seus relacionamentos a fim de mitigar tais falhas e comparar a evolução (relevância) desse processo (que é reputacional).
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Érica Bassi, relações-públicas, foi delegada do Conrerp2 no Vale do Paraíba (Gestão Transparência 2019 – 2021), e é atual conselheira na Gestão Somando Forças 2022 – 2025. Já passou por mídia, atendimento, redação e tráfego em agência de propaganda. Atuou também com relações comunitárias no poder público, em associação de moradores. Busca um lugar ao Sol inicialmente empreendendo como MEI em Relações Públicas. Acredita no potencial da Comunicação Institucional e defende um lugar nas mesas de debate sobre Inovação e Tecnologia diante da importante contribuição da área de RP para a ampliação do potencial empreendedor brasileiro, tanto regional como nacionalmente.