Receita sobre como ter uma carreira de sucesso por (mãe) Danit Furlan.
O sucesso e a carreira não têm receita. Não existe ‘faça isso e aquilo’ e você terá o que tanto almeja… Desculpem o desabafo, mas vejo tanto conteúdo por aí parecendo anúncio de cartomante em poste de rua: ‘trago o seu amor de volta em três dias’, que não resisti à brincadeira com o título desse artigo que trata de carreira.
Aliás, o mercado de trabalho está tão difícil (é o que dizem, pelo menos) que se eu fosse fazer uma campanha de marketing para uma cartomante mudava o anúncio para: trago o emprego desejado em três dias.
Brincadeiras à parte, (ok, eu sei que não foi engraçado), sei que esses títulos são recomendações muito usadas em conteúdo de atração de leads, afinal, o ser humano quer sempre tudo fácil e pronto, na palma da mão. Estamos sempre querendo a solução, mas nunca o problema. Só que um não existe sem o outro.
Ocorre que, recentemente, tive a oportunidade de entrar em contato com duas estudantes da área de Marketing. Uma delas acabara de encerrar a faculdade e a outra, começando o primeiro período do curso. Ambas, com toda a energia, os sonhos e também toda ansiedade de se colocar no mercado de trabalho. E, em geral, o centro da conversa foi mais ou menos assim: como faço para ter uma carreira de sucesso?
Apesar de completar, em 2019, meus 17 anos de experiência profissional e meus 13 anos desde a formação, fiquei realmente me perguntando como eu poderia – e se teria gabarito para – dar algum tipo de conselho sobre carreira e sucesso. Depois de tanto tempo, ainda não estou pronta. Mas, o fato é que nunca estamos, em especial no mundo do marketing, onde tudo muda todo dia.
Mas, trocar experiência e visão de mundo é o que nos faz aprender e crescer. Então, resolvi separar aqui alguns aprendizados absorvidos que, espero sinceramente, sirvam para alguém… embora longe de ser uma receita.
Invista em você.
As faculdades e instituições de ensino preparam técnicos, estudam teorias e estimulam algumas capacidades como liderança, e todo aquele blá. Mas, a faculdade – e ninguém mais – vai fazer algo para o seu desenvolvimento pessoal que te prepare para o que você vai enfrentar no mundo corporativo. Já ouviu aquela frase: você tem os conhecimentos necessários, mas infelizmente você não se encaixa no perfil desejado? E você fica se perguntando: ‘que perfil é esse que eles querem para que eu possa ter?’.
Pergunta errada. É importante não só você ser escolhido para um trabalho mas também escolher uma atividade que se adeque a você. E não é porque você recebeu um não como resposta que você não é um bom perfil ou profissional.
Isso se chama autoconhecimento e respeito. Equilíbrio emocional, organização, resiliência, liderança, são temas recorrentes. Perfil empreendedor, administrador, executor ou ainda o DISC. Ou mais simples ainda, aquela boa e velha pergunta: quais são seus pontos fortes e fracos?
Todas essas são ferramentas usadas no mundo corporativo e que ajudam a conhecer e trabalhar o seu perfil comportamental. Não queira ser – nem no trabalho e nem na vida – alguém que você não seria só para ocupar um cargo. Seja autêntico consigo mesmo. Mas não me venha com a síndrome de Gabriela – eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim… Em resumo, seja a sua melhor versão de você mesmo a cada dia. É clichê, mas é verdade.
Procure seu diferencial
Milhares de pessoas todos os anos estão se formando na faculdade e diante das oportunidades que parecem poucas e as notícias de crise e desemprego parece que você é só um no meio da multidão. Certo? Errado.
É verdade que o conhecimento técnico repassado em sala de aula é o mesmo para você e para todos os demais. O mesmo conhecimento também está disponível na internet e em outros canais. Mas você é único. Pegando o gancho do autoconhecimento do tópico acima, explore seus pontos fortes e aprenda a se vender. Isso mesmo. Todo mundo é vendedor hoje. Até um médico é vendedor.
Então, há que se procurar desde o início um diferencial. E ele pode ser uma aptidão que você tenha para determinado assunto ou tema, uma característica pessoal do seu perfil, um conhecimento mais aprofundado… Ou seja, vá além do ensinado em sala de aula e além da internet também. Vale a pena também buscar – se você ainda não sabe – o seu propósito, ou seja, o porquê ou o para quê você faz o que você faz.
A sua carreira começa no primeiro dia de aula do curso. Acredite. É nesse dia também que começa a concorrência. Capacidade, no meu dicionário, é sinônimo de esforço.
Comece a aprender que o tempo perdido não volta.
Quanto tempo você passa na internet, conectado nas redes sociais? Não me importa. Mas, comece a se importar com o que você anda gastando o seu tempo, ou seja, o que anda lendo, assistindo e comentando. Escolha canais sobre carreira, publicidade e marketing, profissionais formadores de opinião, documentários para seguir. Busque também alguém que você admire pela postura, ética e atuação. A palavra de ordem é agregar. Não significa que você não vá mais interagir com amigos ou com entretenimento, mas é preciso dosar. Lá na frente, aquela vaga vai te cobrar aquele conhecimento em inglês que você não tem. Mas, mais ainda, vai chegar o dia que você vai arregaçar as mangas e ter que fazer a coisa acontecer. E é aí que tudo que você aprendeu vai trazer resultado para você.
Depois que aprender um monte de coisas, não pare. Qualquer carreira hoje é como frequentar academia ou fazer dieta, Se você para, perde todos os resultados. O mercado está em alta velocidade e coisas novas surgem todos os dias. Parece bastante pressão? Não. Muitas vezes, pequenos esforços diários trazem mais resultado no longo prazo do que grandes esforços em um momento único. Há momentos que é preciso usar uma caixa de fósforos e em outros uma dinamite. Não confunda a ordem.
É fazendo que você aprende a fazer.
Gosto muito de comparar qualquer profissão com a de um chef de cozinha. Você acha que ele chegou até lá apenas lendo receitas e fazendo curso de culinária? Ou ainda, que nunca deixou queimar um arroz ou que antes de fazer aquela omelete à sabe lá Deus o que não teve que aprender a fazer um bom ovo mexido?
Mas, ao mesmo tempo, por que não tentar incrementar no ovo mexido, um tempero diferente, um queijo ou ainda servir com um outro tipo de pão?
Na hora de começar, comece com o básico, não se cobre tanto. À medida que for adquirindo confiança, vá adicionando novos ingredientes e novas técnicas de preparo e porque não até mesmo inventar o seu jeito próprio de cozinhar? A sua moda da casa?
Mas, isso não significa fazer algo difícil ou complicado. Você já viu alguém procurar por ‘receita difícil de omelete’ na internet? Você vai enfrentar muita dificuldade, problema, complicações. Mas, que bom que você estará lá para tentar resolvê-las. Simplifique sempre.
Ser ou não ser? Eis a questão. Resposta: Seja!
As coisas levam tempo. Por isso, é importante o período do estágio, para aprender e ser desafiado. Mas, não confunda desafio com cobrança. E, tanto em caso de estágio ou de emprego, tenha atitude e responsabilidade da função que se almeja e nunca da que se está.
A maioria das promoções e efetivações partem de um REconhecimento, seja de um comprometimento ou desempenho. Você não se torna um analista, designer, publicitário ou qualquer coisa que seja porque você preenche uma vaga, mas porque demonstra ter as competências necessárias para tal.
E mais importante do que esperar o reconhecimento externo é você, antes de mais nada e ninguém, reconhecer seus valores e principalmente as suas limitações. Haverá aquelas que você poderá transpor e outras que apenas aprenderá a viver com elas.
Na verdade, lá se vão 20 anos desde meu primeiro trabalho. E ainda tento colocar tudo isso em prática. Outro dia, disse a essas duas estudantes que esperava que elas tivessem mais sucesso do que eu. Hoje, digo que apenas alcancem seu sucesso. Porque o sucesso de cada um é diferente. E, para terminar, faça o que for, faça com amor. Esse é um diferencial enorme para você e para o mundo.
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Danit Furlan é profissional de Marketing e Comunicação com título de MBA em Estratégia de Mercado pela FGV e mais de 15 anos de experiência na área.