Será que comunicar é mesmo necessário para todos?

Alguns empresários acreditam que este é um investimento somente para grandes empresas. Outras organizações – que ainda não atingiram 500 funcionários – vão tocando seus projetos acreditando no engajamento natural de seus colaboradores. Há, ainda, as consideradas mais robustas – que terceirizam as ações de comunicação e consideram que está tudo resolvido nesta área.

Tenho visto, especialmente no LinkedIn, como uma consultoria de comunicação pode ajudar os pequenos negócios e profissionais liberais estruturando a marca, organizando cronogramas com objetivos claros nas redes sociais e orientando os donos a guiarem seus negócios de forma planejada, com objetivos de longo prazo. O público logo reconhece a forma mais profissional da apresentação e, muitas vezes, ajuda a divulgar os lugares e as pessoas que confiam e gostam do serviço.

Segundo a autora do livro ‘Planejamento de comunicação integrada’, Luciene Ricciotti Vasconcelos, ‘tudo comunica’, não importando se de forma intencional ou não, as empresas e as pessoas comunicam o tempo todo através do que verbalizam ou mesmo através de suas ações.

Nosso atual presidente, por exemplo, comunica-se o tempo todo, de um modo geral, de forma muito espontânea, sem planejamento, improvisando em frente às câmeras, apontadas diariamente no Palácio da Alvorada. Os resultados de suas entrevistas são, muitas vezes, desastrosos. Não porque existe manipulação orquestrada pela imprensa, mas porque o emissor (no caso, o presidente) não se prepara, não elabora com cuidado as mensagens que quer expor sobre assuntos importantes para o país. Ele comunica com suas expressões, com seu sorriso ou mesmo com o semblante reativo, gesticulando com suas mãos e dedos enérgicos e, principalmente, com o tom de sua voz. Tudo isso comunica, além do que é dito, positiva ou negativamente, todos os dias.

O nosso comportamento comunica e o das empresas também, mesmo quando não temos a intenção, quando não temos profissionais trabalhando neste setor – o processo ocorre de forma independente, planejado ou não.

As organizações se comunicam quando seus empregados falam sobre elas, quando seus clientes opinam, quando seus fornecedores a atendem, quando seus anúncios aparecem ou somem, quando seus CEOs escrevem no LinkedIn, quando suas ações sociais aparecem nas comunidades, quando seus dejetos são espalhados pelos rios, quando a queda de suas barragens matam milhares de pessoas.

Cabe aos dirigentes das empresas, de qualquer tamanho, assumirem a produção do conteúdo e divulgarem o que é necessário, o que desperta interesse na sociedade, os diferenciais de seus negócios, as benfeitorias aos seus empregados, seus erros e providências em relação a eles, além, é claro, do seu propósito no mundo. Sim, saber comunicar bem é muito necessário.

Deborah Sousa é jornalista formada e especialista com MBA em Gestão da Comunicação Organizacional.