'Propaganda com Ética' é causa, aqui, no O.C.I. Por Manoel Marcondes Neto.

Discussão urgente, urgentíssima!

Nesta semana, no Congresso Nacional, numa sessão de comissão, a testemunha disse: “Eu trabalho com publicidade”… E não se ouviu um pio decente, assertivo sequer sobre tal “trabalho”… o que seria…

Trabalho de agência? de “house”, de produtora, intermediária, associada, dona, comissionada, de veículo, de fornecedor, de parceiro, de anunciante?

Ora… há leis, há um mercado, há normas, há o Conar, há o Cenp, há uma história longa e linda forjada por muita gente séria no setor publicitário brasileiro – que, aliás, vem se desfazendo…

No jargão atual que transformou a publicidade em uma Babel, o que é impulsionamento de conteúdo? o que é “turbinar” uma postagem?, o que é “influencer”, o que seria “monetizar” um meio, a “web”, que nasceu gratuita e generosa?

E o que dizer das tais “fake news”, falácias veiculadas como se notícias fossem, mas impulsionadas como se anúncios fossem? Quem já se deu conta de que a tal da “monetização” envolvida neste fenômeno destruiu a credibilidade da imprensa tradicional e da indústria que sempre a sustentou – a da publicidade?

Na internet, “impulsionar” – uma palavra não técnica (em inglês, a Meta usa “promote”, de sentido muito claro, inclusive para leigos) – serve para eu e você fazermos mais gente ver os anúncios de venda de nossos carros usados. O problema, aqui, é que partidos políticos podem utilizar o mesmo mecanismo (e “em massa”) para nos fazer “comprar” os seus velhos políticos.

Também no caso vexaminoso de uma outra comissão parlamentar, uma “CPMI das fake news”, não se conseguia divisar quem sabia menos do que se estava tratando – se inquiridores ou inquiridos.

Muito infelizmente, o meio editorial do ramo está mudo, atônito, atropelado pelo ambiente digital, o meio acadêmico está atrasado e alheio, e no meio político não há a menor ideia sobre o que se estava tratando na tal sessão por debaixo da questão das “bets”… ou seja… dinheiro circulante a título de… publicidade.

Manoel Marcondes Neto é cofundador e diretor-presidente do Observatório da Comunicação Institucional.