Por que uma empresa precisa de um profissional de comunicação? Por Deborah Sousa.

Seja para o público interno saber para onde a empresa está indo, seja para o público externo conhecer as ações realizadas, ou mesmo para informar os consumidores sobre os detalhes do que estão comprando, todos nós somos atingidos por uma comunicação bem-feita ou somos ignorados pela falta dela.

Quem nunca desistiu de uma compra por saber da origem do produto ou de um comentário negativo feito por um conhecido? O contrário também acontece justamente porque alguém, lá dentro da empresa, sentou com um gestor, organizou diversas pautas e resolveu publicar um conteúdo sobre o que está sendo feito de bacana para resolver o problema do consumidor final.

No começo da carreira trabalhei numa grande siderúrgica que sabia exatamente o poder da comunicação e valorizava bastante o nosso departamento. Era ótimo receber a ligação de um grupo de funcionários criativos do outro lado da usina e ir lá entrevistá-los. Algumas vezes, os assuntos eram bem complicados, mas, na maior parte dos casos, a equipe me mostrava uma solução que iria impactar positivamente na produtividade da empresa.

De volta ao nosso departamento, decidíamos se iria para o jornal interno semanal, para TV corporativa, para a revista ou se, até mesmo, a matéria poderia ser divulgada na imprensa local. Ainda não existiam redes sociais na época… Faz tempo…

A ideia pode ser aplicada em negócios bem menores. O importante é o olhar curioso para procurar – na rotina – conteúdo relevante que valha a pena ser divulgado para seu público. E a sensibilidade de perceber onde a falta de comunicação está afetando o dia a dia dos funcionários.

Seus compradores podem gostar de saber sobre um fornecedor diferente super-cuidadoso que vai impactar na qualidade do seu produto final, ou conhecer um funcionário proativo que inventa vinhetas de promoção, quem sabe até entender melhor a utilidade e as diferentes formas de uso do seu produto. Já, a equipe bem informada e priorizada na difusão de informações cria um clima de companheirismo e transparência no ambiente de trabalho. Enfim, todo mundo que produz – e vende – faz alguma coisa interessante nesse processo que pode ser divulgada.

Já fui até proprietária de comércio e tive um programa de rádio, saí um período do jornalismo, mas ele não saiu de mim. Eu sabia que precisava divulgar de alguma forma sobre o tema dos produtos que eu vendia, lembrando que ainda não havia Facebook. Fiz um projeto de programa de rádio, apresentei para o dono da rádio – que me deu 30 minutos semanais (sem custo e sem remuneração) para divulgar o assunto a que eu me propunha. Foi muito divertido levar convidados, fazer entrevistas, sortear brindes e falar sobre o universo do meu comércio. Sempre tem assunto sobre o qual você conhece o bastante.

Eu acredito que o profissional de comunicação tem uma formação diferenciada para movimentar a engrenagem nesse processo. A participação do dono, dos líderes e dos funcionários é fundamental para a credibilidade do que será divulgado. Nós somos ‘treinados’ a encontrar uma pauta onde o dono só vê trabalho, sabemos usar a entrevista para pegar a melhor declaração sobre o diferencial da empresa. Divulgamos sem vender. A decisão de ler, de assimilar o conteúdo e tomar a decisão é do leitor, do espectador, do usuário das redes sociais.

Uma ação bem simples para começar a se comunicar com um pequeno público interno pode se dar com um grupo fechado no WhatsApp entre os funcionários. Um comunicador passa as informações e também interage com esse público divulgando e dialogando por esse meio. Em grandes empresas isso pode crescer para redes sociais corporativas, canais internos, TVs, boletins e tudo o que a imaginação da equipe de comunicação interna conseguir inventar.

O público externo precisa saber o que a empresa anda fazendo, como ela trata os funcionários, quais os objetivos em curto prazo (inaugurações, ampliações, investimentos que impactem a comunidade), entre outros. Lembre-se: o dono, ou gerentes e líderes também podem aparecer como fonte para jornalistas que precisam tratar do assunto que tem a ver com o seu negócio. Por exemplo, o dono de escola pode ser procurado para uma pauta sobre educação inclusiva (se ele praticar isso na escola), um gerente de RH pode dar entrevista para explicar os reflexos do E-social no ambiente corporativo e assim por diante. O que você não pode é ficar parado esperando que as pessoas venham perguntar ou que o funcionário vá tirar dúvidas com os colegas do sindicato.

A comunicação é uma ferramenta de trabalho que não pode ser ignorada ou delegada a outros profissionais que não têm essa formação. Todos juntos, unindo talentos, podemos fazer melhor.

Deborah Sousa, jornalista e estudante de MBA em Gestão de Comunicação Organizacional (Este texto foi publicado pela autora no Linkedin Pulse em 22/11/2017).