Pessoa pública: o que, afinal, está por trás de sua imagem? Por Renata Aufer.

Todo cidadão conhece o termo ‘pessoas públicas’. Se não conhece, deveria conhecer. É uma questão de cidadania!

Se você reparar bem, verá que o número de vezes em que a imprensa relata, comenta e discute atitudes e falas de pessoas públicas é um montante significativo. Exemplos e mais exemplos correm por aí. E eu nem quero citar o caso das falas de presidentes e de outros políticos.

Mas, quem são estas pessoas, o que podem ou não podem fazer ou falar, quando, onde e por que?

QUEM são as ‘personalidades’ consideradas pessoas públicas?

Na definição pura e simples, pessoa pública é todo cidadão que se dedica à vida pública. Não somente diz respeito à dedicação profissional com subsídios públicos, como é o caso dos políticos, mas também àqueles cujo trabalho destina-se a reunir pessoas em alguma atividade em comum como, por exemplo, o entretenimento ou a exposição pública sobre um tema específico.

Artistas em geral, políticos, atletas, pesquisadores, executivos, personalidades enfim. Representantes do meio cultural, esportivo ou de entretenimento, em geral, são os mais comuns. Há também os influenciadores que, hoje, representam marcas, organizações, instituições em geral, e que passaram a compor o meio das ‘celebridades’.

O QUE de fato, verdades e (in)conveniências acontecem com elas?

A imagem é uma das preocupações mais presentes na vida de uma pessoa pública, ou pelo menos, deveria ser. Pessoas públicas têm alguns deveres para com seus públicos.

Até onde palavras e comportamentos podem afetar a imagem de uma personalidade? Isso envolve tanto aparições públicas como da vida pessoal?

Há, sim, limites a serem respeitados e isso pode significar que a pessoa precisa ficar atenta, o tempo todo, até mesmo com detalhes que podem passar desapercebidos.

Festas particulares ou o desenrolar de uma separação de famosos, por exemplo, são situações que geram opiniões controversas nas redes sociais.  Há casos em que as duas faces da imagem podem ser ‘afetadas’ – a positiva e a negativa. Não que o fato em si deva ser um direito da opinião pública comentar mas, sim, o modo como a pessoa pública se manifesta.

Imagine o fã de um artista, visualizando nas redes sociais um posicionamento dele frente algum tema polêmico. Ou então, lembre-se da última vez em que você recebeu uma notícia de algum acontecimento inusitado, envolvendo uma personalidade que você admira.

Pode ser uma violência verbal, uso de termos pejorativos, demonstrar irritação sem motivo, uma atitude de minutos, mas com grande visibilidade. Uma palavra, uma frase, um gesto. Tudo isso, quando direcionado ou envolvendo qualquer pessoa, com alguma repercussão, pode ser o começo de uma crise que terá que ser tratada, solucionada, esclarecida.

QUANDO pessoas públicas devem ficar atentas?

‘Ontem, hoje e amanhã’ – a resposta para esta pergunta.

Até certo tempo atrás, era necessário que jornalistas paparazzi pegassem fragrantes. Imagens gravadas ou fotografadas por repórteres famintos por notícias levavam algum tempo para serem desmistificadas, contornadas, esclarecidas.

Na era digital, essa condição ficou ainda menos favorável aos artistas, por exemplo, que vivem rodeados por fãs, ávidos por gravar uma imagem um momento, uma fala.

Um fato que se passou um mês atrás pode perdurar algum tempo para se dissipar e ser esquecido, enquanto tiver um comentário, uma repercussão do fato, soltos por aí.

Assim sendo, a imagem de ‘ontem’ é muito comentada ‘hoje’ e, ainda o será, em alguns ‘amanhãs’.

ONDE tudo isso acontece?

O mundo virtual favorece, mas também pode desfavorecer pessoas públicas. Não limita aparições a um só território, mas também não há como frear imagens ‘arranhadas’; disparadas em segundos, que se ‘perpetuam’ por um longo período. Até mesmo o tapete vermelho do Oscar pode ser palco de críticas de famosos e… viralizar. Quem é apaixonado por cinema e acompanha celebridades das telas internacionais sabe do que estou tratando.

Hoje existem meios que possibilitam medir cada aparição em público, cada pronunciamento, uma circunstância ou um evento inesperado, onde quer que a pessoa pública esteja. Redes sociais como o Twitter oferecem dados analisados com frequência, de posicionamentos e declarações feitas por autoridades, políticos, artistas, personalidades em geral.

Cultura, costumes, direitos, deveres e temas polêmicos são alvos de críticas. Geram discussões e levantam dúvidas sobre posturas e posicionamentos que vêm à público, rapidamente. Basta aparecer nas redes virtuais uma vez, recebendo críticas de especialistas, entendidos de um assunto ou de seguidores e isto já será o suficiente para gerar uma grande discussão nas redes e na mídia.

No caso de políticos, por exemplo, uma coisa é certa: independente do território, da cultura e dos costumes locais, uma questão que precisa ser discutida e orientada é se a sociedade, de uma cidade, estado ou nação, está inclinada a aceitar comportamentos inadequados por parte de seus representantes, governantes, políticos em geral. Trata-se de uma questão de cidadania, saber se as comunicações recebidas são transparentes, éticas e claras, respeitando-se os direitos dos cidadãos.

POR QUE são tão visadas?

Será que, independentemente do tipo de pessoa pública, dos fatos e conveniências… e da globalização, seguidores e fãs em geral têm limites na hora de criticar ou defender?

Arrisco dizer que há um divisor de águas entre a crítica e a defesa.

Recentemente, assistindo a uma reportagem sobre a atitude de um artista famoso, o apresentador disse algo neste sentido: ‘quem decidirá se o artista teve ou não uma atitude correta são seus fãs’.

Há pessoas que, por natureza, têm a empatia no ‘DNA’. Estas, mesmo quando cometem algum deslize, não geram grandes impactos diante do público, pois prevalece aquela empatia costumeira. Normalmente, são indivíduos cujo índice de simpatia é tão alto que na maior parte de suas manifestações, em público, pequenos escorregões nem mesmo são notados.

Alguns públicos até defendem, fervorosamente, cometendo o erro de não avaliar o acontecimento, ou por falta de informação, ou por não fazer questão alguma de obter a verdade. Por ideologia ou gosto pelo que faz, a pessoa pública já o conquistou. O admirador ou fã vai sempre olhar o fato e/ou ouvir sua repercussão sob seus princípios, podendo ainda ser influenciado a cometer opiniões, injustas ou não, baseadas na visão de outros.

COMO contornar e minimizar efeitos negativos?

O modo como se comunicam diz tudo!

São muitas as possibilidades que uma pessoa pública tem para se comunicar bem e evitar deslizes. Nem vamos cogitar aqui as opções tecnológicas, tais como edição de imagens e vídeos, nem mesmo falar de técnicas de marketing pessoal, de comunicação. Isso tudo é básico para quem quer ser referência como pessoa, ao se portar publicamente.

Construir um relacionamento favorável e manter esta reputação diante público, eis o desafio. Mas nada que não se consiga com atitudes básicas:

  1. O jeito de ser da pessoa – a empatia, a simpatia, a espontaneidade. Isso diz muito.
  2. Ser coerente na fala em relação ao que se demonstra ser, na prática.
  3. Ser transparente e correto em qualquer situação. Isso inclui admitir erros, se necessário.
  4. Expressões, gestos, postura – todo cuidado é pouco; uma imagem captada no calor das emoções pode não significar a realidade. Nem todo receptor sabe analisar contextos.
  5. Cuidado com aparições não programadas; há câmeras por todo lado querendo mesmo pegar uma gafe.
  6. Isso tudo, seguido com naturalidade, sem que nada pareça forçado.

Segundo os fundamentos éticos das Relações Públicas, uma correta postura não significa dizer o que o público, um fã ou um admirador, gosta de ouvir, mas em fazer o que o público sabe que é certo. Já no campo da ética, o que é certo para alguns indivíduos pode não ser certo para outros. É o caso dos diferentes princípios morais existentes em alguns países. E nem precisamos atravessar fronteiras para perceber diferenças de valores, visíveis entre gerações e classes sociais.

Como disse Abraham Lincoln: ‘Ninguém consegue triunfar se a opinião pública está a seu desfavor. Com a opinião pública a seu lado, ninguém é derrotado’.

Conhece alguma pessoa pública que precisa de ajuda para manter sua boa imagem? Recomende um(a) relações-públicas!

Renata Aufer é bacharel em Relações Públicas pela PUC/Campinas-SP, com vivência em redação, editoração, eventos corporativos e campanhas de comunicação interna, tendo o colaborador como protagonista. Atuou também em campanhas internas de Branding e em projetos de Learning. Experiência em auditorias corporativas internas e externas, melhoria contínua em processos de qualidade e como facilitadora em treinamentos organizacionais e de soft skills. É membro do Coletivo Umbrella / RP Canal, e atua neste O.C.I. também assessorando em projetos, conteúdos e relacionamento com parceiros e colaboradores.