NOVA ARTICULISTA: Afeto. Por Muriel Magalhães.

Afeto. Sua origem vem da palavra latina ‘afficere’, que corresponde a afetar e significa fazer algo a alguém, influir sobre.

Buscar a origem de uma palavra é olhar para a história e, pelo menos para mim, é também olhar para toda a complexidade que pode ser expressa, principalmente quando vamos falar sobre sentimentos. Sentir é tão indizível, mas mesmo assim limitamos nossos sentimentos às palavras para tentar exprimir algo que muitas vezes não entendemos.

O afeto é transformador, disso eu tenho certeza, mesmo não sabendo muito bem se sua dimensão cabe nessa palavra. Ele modifica o nosso olhar, nosso comportamento e a forma como nos relacionamos com o outro, com nosso contexto e com nós mesmos.

Ter um olhar de empatia, afeição, no aspecto intrapessoal e interpessoal se conecta muitas vezes com ‘situações passadas, experiências vividas em relação a pessoas, objetos ou ambientes’. Vivências positivas criam afeto, criam empatia, conexão. Experiências negativas podem se transformar em falta de reconhecimento, invisibilidade e julgamento moral.

A ausência de afeto nas relações, no aspecto interpessoal, demonstra-se numa sociedade na qual a normalidade traduz-se no discurso ‘só importa o eu’, não reconheço o problema do outro e do meu contexto. Tudo que não me diz respeito torna-se inexpressivo.

O aspecto intrapessoal se conecta com a forma pela qual nos relacionamos com nós mesmos. Você se reconhece? Você se abraça? Tenta olhar para as suas fragilidades de uma forma compreensiva? Com afeição? Ou se engessa em crenças limitantes, e acaba se tornando cruel consigo mesmo?

Uma coisa eu tenho percebido nesse caminhar, Lenine tem razão ao dizer ‘a vida é tão rara’. Então a mensagem que eu deixo nesse domingo para vocês, e principalmente para mim, é: – Vamos ser mais leves e perceber que o afeto pode mudar o mundo. Ele é, sim, revolucionário. Bom domingo!

Muriel Magalhães é gestora de conflitos e facilitadora de práticas restaurativas pela Ajuris – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Tem capacitação em Comunicação Não-Violenta (Dominic Barter e Universidade do Ser com o PhD Marcelo Pelizzoli – UFPE). É especialista em Direito Penal e Processo Penal pela Univali (Escola do Ministério Público do Estado de Santa Catarina) e Direito Ambiental (Uninter-PR). Idealizadora do IG: @restaura__