Eles estão no Vale do Silício; em Dubai; por toda a Europa, em cidades como Lisboa, Barcelona e Berlim; e, certamente, no Brasil: os hubs criativos tomam conta de espaços de trabalho que, há pouquíssimo tempo, atendiam por ‘coworking’. Mas nem só de startups vivem esses hubs: o nome tem efeito para outras finalidades, inclusive para a educação. Numa definição mais geral, o hub é o espaço colaborativo onde pessoas se conectam entre si, seja para trabalhar juntas ou mesmo para trocar informações, experiências; para empreender; para gerar novas oportunidades… para gerar CONEXÃO! Nele podem ser encontradas pessoas que começam seus negócios agora, como estudantes de um novo conteúdo; executivos de grandes empresas, investidores, aceleradoras, incubadoras etc. O valor deste tipo de ambiente vai além de compartilhar um local com outras pessoas – é o movimento de troca que reluz e atrai as pessoas!
Venho acompanhando esse movimento, em terras cariocas e lisboetas, com um intuito que está mais vivo do que nunca: através da Educação e do Marketing Digital, ajudar a sociedade a se desenvolver, acompanhando os avanços digitais – com cursos, workshops, palestras etc. Mostrar a importância dos discursos digitais e das redes sociais na vida pessoal, no âmbito profissional, educacional e para os negócios de maneira geral, tem sido uma grande vivência, com diversos pontos de vista – meus e das tantas pessoas que cruzam meu caminho nesta trajetória.
É bacana mostrar como as ferramentas da internet podem ser usadas para um contato mais segmentado e estratégico com o público, e também investigar a liquidez dos discursos nesta sociedade hiperconectada. Abordar questões como os novos modos de consumo, as identidades, os nichos e as estratégias de marketing em tempos digitais. Investigar de que maneira, a cada dia, a internet revoluciona os modos de interação entre as pessoas, transformando os relacionamentos entre indivíduos e entre grupos sociais: a evolução da tecnologia se adequa a este processo, transformando cotidiana e rapidamente o nosso mundo, tão complexo e diversificado.
Desde 2010 – ano em que publiquei meus primeiros artigos – ‘As implicações do uso da internet no campo educativo: entre limites e possibilidades’ e ‘A influência da internet e das mídias sociais como um fator de atravessamento no constructo da subjetivação social’ – dedico-me a pesquisas sobre como o novo contexto de consumo trazido pelo cenário digital influencia na área da Educação. Quando comecei o mestrado, para além do Rio de Janeiro, inseri também Lisboa nestas análises e, mais especificamente, o estudo de algumas instituições de ensino e a defasagem no que diz respeito ao avanço tecnológico – não só pelos dispositivos em si, mas também pela didática e pedagogia de ensino.
Algumas disciplinas, tais como Empreendedorismo, Gestão de Negócios Criativos e o próprio Marketing Digital, são aplicadas apenas em cursos livres ou pós-graduações – apesar de já serem uma realidade para muitos jovens, por exemplo, que ainda nem frequentam o ensino superior.
Como minimizar esse gap no ciclo de aprendizagem dos alunos? Quais as formas de inovar dentro de sala de aula, já que atualmente toda a informação cabe no bolso do aluno, que carrega seu smartphone desde idades bem tenras? Como repensar a sala de aula tradicional, com estrutura convencional, para dar lugar a espaços que evitem a evasão por possibilitar novas formas de ensino, pela adoção de novas ferramentas e da compreensão das novas tendências educacionais?
Representatividade, lugar de fala, criação de valores, democratização do conhecimento, dentre outros temas, são relevantes pontos nestas investigações relacionadas à Educação junto ao Marketing Digital. Ao analisar esses dois temas em conjunto, busco trazer alternativas – como é o caso dos hubs – a um sistema antigo e não-atualizado, de modo a trazer maneiras de inserir cada vez mais pessoas – principalmente aquelas que não têm acesso aos estudos – no campo da educação digital. Para falar mais sobre isso, trago aqui o exemplo do Brun Hub de Educação, espaço colaborativo lá de São Gonçalo, minha cidade, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Afinal, é preciso tangibilizar para mostrar, na realidade, como este processo pode acontecer.
Conheci este hub pelo Guilherme Lopes, que estudou comigo no ensino fundamental e, atualmente, exerce importantes funções no espaço, como Diretor Pedagógico e Coordenador de Projetos. Criado pelo orientador profissional Bruno Souza, o objetivo do Brun Hub é simples: desenvolver projetos educacionais para gerar impacto social. Não significa que seja fácil. Mas é preciso entender que, atualmente, o padrão de ensino das escolas pode não ser adequado para todos os alunos – e quem tem este incômodo passa a buscar novas metodologias, portanto, novas formas de aprendizado, para aplicá-las na forma de ensino. Assim, para além das aulas nada tradicionais de pré-vestibular, ou pré-futuro, como eles preferem chamar, o hub oferece oficina de empreendedorismo, orientação profissional, consultoria de negócio, saraus, atividades sustentáveis, treinamentos, palestras e workshops de variadas áreas. Atuam, portanto como uma espécie de incubadora e aceleradora de projetos educacionais e talentos, com objetivo de gerar transformação e impacto na sociedade.
A expectativa de quem atua ali é promover o protagonismo social por meio da transformação das pessoas que frequentam o local. O Brun Hub de Educação já recebeu duas premiações na Campus Party, o maior evento de tecnologia da América Latina, como melhor negócio apresentado e melhor negócio social em 2015. E foi premiada pelo programa internacional Shell Iniciativa Jovem como melhor empreendimento apresentado em 2014.
Fazer parte desta história, enquanto palestrante e pesquisadora deste ecossistema, é gratificante por muitos motivos. Dentre os mais importantes, porque me dá a oportunidade de mostrar às pessoas da minha cidade que, SIM!, é possível estudar em São Gonçalo, com qualidade e seriedade, preços justos para o local, e temáticas atuais e fundamentais para o mercado de trabalho.
Levando em consideração que, segundo o Fórum Econômico Mundial, no relatório Futuro do Trabalho, 65% das crianças de hoje devem trabalhar em empregos que ainda não existem, é preciso que ações no ‘aqui e agora’ sejam tomadas, de modo a orientá-las para estas transições e para as novas habilidades que serão exigidas no mercado. Marketing, Estratégia, Branding, Digital, Tecnologia, Robótica…. Educação! Tudo isso junto é estudo e pesquisa que começam agora, para os novos tempos. Vamos aplicar!
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Karla Passeri é jornalista, especialista em Marketing Digital e pesquisadora do Comportamento do Consumidor, com dez anos de experiência nos campos de: Marketing, Cultura e Comunicação, Educação, Planejamento e Estratégia.