Lavar a alma com as palavras ou engolir sapos? Por Patricia França.

O que seria lavar a alma com palavras? Tomar um banho de letras formando frases que nos fazem escrever algo com sentido? Dizer algo que possa mudar o mundo? Ou ainda propor uma reflexão sobre o cotidiano através de um texto empírico? Como sabemos, as palavras são formadas por letras que conectadas possuem sentido. Posteriormente, a união das palavras pode gerar uma frase, e quem sabe, no futuro, um texto que será lido, entendido ou até criticado por alguém.

A interpretação, assim como o entendimento do que foi dito ou escrito depende da vivência, da experiência e da conexão que cada um realizou durante a vida. A mistura dessas visões no subconsciente permite a formação do que chamamos opinião, que nada mais é que o julgamento pessoal de um determinado tema.

E lavar a alma, tem como definir? Esta expressão da cultura popular nada mais é que ter coragem de desconectar sentimentos arraigados, fortes e intensos que não fazem bem, o famoso ‘jogar no lixo’. Se acrescentarmos ‘palavras’ a essa afirmação, podemos ir mais longe. Lavar a alma com as palavras seria nos despir de preconceito e escrever sobre qualquer tema sem sermos tendenciosos. Será que é possível? Será que nossas experiências não influenciam?

E engolir sapo? Essa famosa expressão tem origem em uma das histórias bíblicas, ‘As pragas do Egito’, onde a calamidade se deu através da invasão de milhares de rãs no território egípcio. Os animais atacaram não só os ambientes como também os pratos dos habitantes do reino. Todos tiveram que suportar a situação desagradável sem dizer absolutamente nada. ‘Engoliram o sapo!’. Ao engolirmos sapo nos limitamos, contemos as palavras, as frases e consequentemente a criatividade.

Nesse contexto fazemos o contraponto de lavar a alma com as palavras e engolir sapo. As palavras devem sair da alma de forma clara e direta, desenhando o que pensamos. Dessa forma, evitamos que sapos sejam engolidos, impedindo que fiquemos engasgados com coisas que não foram ditas, pois as oportunidades para nos expressarmos passam. Tudo tem seu tempo.