Interatividade presencial e remota. Por Varda Kendler.

Que saudades daquele cafezinho!

Terminei de tomar meu café da manhã, em casa, peguei minha agenda (adoro papel e caneta!) e fui participar de (mais) uma Live de Comunicação.

Eis que ouvi de uma palestrante, na mesma fala, se referindo aos colaboradores que participam da rede social interna desta organização:

– Os colaboradores têm abertura, nesta plataforma, para interagirem, se expressarem e falarem o que quiserem.

– Ao ingressar na rede, o colaborador é informado das regras, do que pode e do que não pode e dos comportamentos desejados pela empresa.

Eu lhe (e me) pergunto: qual das duas colocações acontece na prática? Vou estender meu questionamento: você acha que uma orientação complementa a outra ou são contraditórias?

A minha percepção é que muitas organizações adotaram, no uso de suas redes sociais internas, o mesmo discurso das externas. Sim! As que acessamos diariamente com posts interessantes, divertidos e muita interação e liberdade. Tudo muito ‘orgânico’!

Sabemos que existe um histórico e monitoramento de postagens e navegação nessas ferramentas. Estamos cientes (mas às vezes nos esquecemos) que somos vigiados e induzidos a determinados comportamentos.

Então, me pergunto: para quê mencionar que os empregados podem falar o que quiserem se sabemos que não é o que acontece na vida real?

Existem organizações mais abertas, flexíveis e com mais diálogo? Claro! Mas todas têm regras. E a maioria, bem rígidas. Basta acessar Códigos de Conduta e Ética que já servem como uma sementinha para entender este arbusto de gestão de comportamentos.

Não estou aqui desvalorizando, desmerecendo ou refutando canais e tecnologias de interação online. De forma alguma! Mas buscando compreender e avivar o tema para profissionais de comunicação e gestão de pessoas, além do usuário-consumidor-colaborador para que não sejamos ingênuos. Não com o discurso, por favor!

Basta apenas ter mais bom senso no que se propaga e mais cautela no que se dissemina.

E usufruir o que cada contexto oferece de melhor. O online/remoto permite capilaridade, diferentes possibilidades de aproximação e registros incríveis. Já o presencial nos oferece mais espontaneidade, congraçamento e estímulos sensoriais e corporais, dentre outros.

E que não tenhamos receio em dizer ‘que saudades daquele cafezinho em que conversávamos de tudo!’.

Imagem: Freepik.

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Varda Kendler é mestre em Administração com formação em Publicidade e especialização em Marketing, Comunicação Empresarial e Gestão Estratégica da Informação. Tem experiência, em empresas de grande porte, em gestão da comunicação integrada, cultura organizacional e marketing. Atua como educadora, consultora e empreendedora.