Entretenimento: é vital? Por Luiza Vaz.

‘Desliga isso e vai cuidar do que importa!’. Você já deve ter ouvido isso dos seus pais ou familiares ou mesmo ter dito essa frase antes ao se referir daquele seriado, novela, filme, livro, vídeo no Youtube… É aquele tal do entretenimento. Aquilo que costuma ser associado como um hobby e como a última coisa da nossa lista de prioridades. Mas, nesse período de pandemia (ou em outros), será que o entretenimento é tão dispensável assim?

Imagine passar os dias sem consumir nada de entretenimento. Digo nada mesmo. Nada de assistir filmes, programas e seriados; ler livros; jogar videogame ou outros jogos. Como seria? Talvez você passaria a depositar mais tempo no trabalho e nos afazeres de casa, tornando seus dias super-produtivos. Provavelmente, ficaria mais antenado nas notícias (principalmente do coronavírus). No entanto, haveria grandes chances de ficar mais estressado, mais entediado e mais ansioso. O respiro seria na hora de dormir. Se conseguir dormir com o tanto de trabalho e a avalanche de notícias ruins.

Nós enganamos a nós mesmos ao achar que quanto mais tempo temos para nos concentrar no trabalho, mais produziremos e mais o dia renderá. O burnout – como a própria tradução livre diz ser a Síndrome do Esgotamento Profissional – é uma prova de que nem sempre se dedicar 100% ao trabalho vai te trazer consequências positivas. E é aí que entra o entretenimento como algo vital na nossa rotina.

Um estudo de 2019 chamado ‘O Futuro do Entretenimento’, da Havas com o Cannes Lions, apontou que 83% dos mais de 17.000 entrevistados, em 37 países incluindo o Brasil, consideram o entretenimento como uma necessidade vital. Já a pesquisa intitulado ‘O Legado da Quarentena para o Consumo’, da consultoria McKinsey, mostrou um crescimento de 29% do volume de downloads do app da Netflix entre fevereiro e março de 2020 (sendo que cerca de 7,7 milhões somente em março). Isso sem contar os outros streamings que cresceram nos últimos meses, como Amazon Prime e Globoplay. Segundo uma matéria recente na Exame, esta última plataforma cresceu 123% no primeiro trimestre de 2020 nas horas consumidas em relação ao mesmo período no ano anterior, além de ter subido 124% a base de assinantes.

Os dados acima reforçam o que já era óbvio, mas não queríamos assumir: nós precisamos do entretenimento. Com ele relaxamos, desligamos dos problemas (nossos e do mundo), descansamos e viajamos para longe mesmo sem sair do lugar. É onde podemos entrar em um personagem e sonhar com ele; viajar no tempo com um DeLorean até 2019 ou com Jonas e Martha no buraco de minhocas para 2040 em ‘Dark’; passear em uma nave no espaço e ficar ‘Perdidos em Marte’; ter um cachorro chamado Marley; e andar de bicicleta com um ET na garupa… Ainda dá para aprender a se colocar no lugar do outro como em ‘Olhos Que Condenam’ (Netflix) ou em ‘Luta Por Justiça’ (Warner).

O entretenimento vai além da diversão. Ele é a válvula de escape para momentos como esse que estamos vivendo. É o remédio sem cápsulas, sem gotas, sem gosto amargo que tomamos todo dia para nossa saúde mental. Ele ameniza toda essa carga emocional vinda de palavras como: coronavírus, Covid-19, crise, distanciamento social, hospitais, mortes e saudade. Como ficar sã no meio desse mundo de cabeça para baixo? Como não perder as esperanças e os sonhos no meio dessa loucura? Esse ‘remédio’ chamado de entretenimento nos ajuda a voltar a relembrar o passado, a acreditar no presente e a sonhar com o futuro.

Luiza Vaz é jornalista graduada pelo Centro Universitário Uniceub, de Brasília e pós-graduada em jornalismo esportivo pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), de São Paulo. Nos últimos anos tem trabalhado com assessoria de imprensa e marketing de distribuidoras e exibidores de cinema multinacionais.