Dos venenos, dos amores. Ambos curam, mas também matam. Tudo depende da dose. Por Maeve Phaira.

Arsênico, cianureto, chumbo, tálio, mercúrio, antimônio, cicuta, estricnina, beladona, mandrágora, toxinas de fungos, sapos, peixes, cobras, aranhas e escorpiões, e algumas flores, ufa! Bem, nada disso é novidade.

1945. Próximo da meia-noite no dia 29 de abril. Hitler se casa com Eva Braun em uma pequena cerimônia dentro do Führerbunker. Um dia depois, comete suicídio com um tiro na cabeça. Eva preferiu ingerir uma cápsula de cianeto. Método muito utilizado na Segunda Guerra Mundial para matar espiões. O veneno também foi o preferido da escritora Agatha Christie em seus romances investigativos. Um brinde de cianureto, inclusive, foi lançado no mesmo ano, n’O Caso dos Dez Negrinhos.

O fato é que até o fim do século XIX não era raro morrer envenenado. Sócrates foi condenado ao exílio. Preferiu a morte, tomando cicuta. Cleópatra teria cometido suicídio com a picada da víbora, Vipera Aspis, o que atualmente se considera improvável. A tal viborazinha dizem que raramente mata. Não seria mais provável que a rainha do Egito envenenasse a pobre víbora? Afinal, ela tinha experiência no assunto.

A bela Lucrécia Borgia também ganhou fama. Ela teria matado nobres e membros do clero com a poção La Cantarella – que beleza de nome! Envenenadora ou não, ao morrer de parto – aos 39 anos -, em 1519, foi enterrada vestida de freira.

Rasputin, o odiado curandeiro de Nicolau II, último czar da Rússia, teria sobrevivido a duas tentativas de envenenamento. Uma delas, ocorrida num banquete, com cianeto suficiente para matar todos os presentes. Mas ele não morreu. Fato que só poderia ser explicado pela crença de que Rasputin teria parte com o demônio. Sei lá… por que estou escrevendo sobre venenos? Ah, claro! Lembrei… As flores.

Fotografia: Google.

Maeve Phaira, escritora, autora do livro Outono em Copacabana.