Desafios e reflexões para o jornalismo em 2025. Por Andréa Campos.

Novas responsabilidades do jornalismo em tempos de transformação digital e crise climática.

Como em todo início de ano, surgem muitos conteúdos com tendências e previsões. Sabemos que boa parte se concretiza e outras tantas ficam somente no radar. Não tenho autoridade para me aventurar no campo das conjecturas, mas certamente alguns fatores precisam ter atenção de quem atua na área de comunicação.

O bom jornalismo, em qualquer parte do mundo, enfrenta cada vez mais desafios. Da sustentabilidade financeira para bons veículos, passando por pressões políticas e censura, sem falar da disseminação de fake news, são muitos os pontos que precisam ser encarados para levar informação de qualidade para o público.

Sem qualquer pretensão de esgotar esses pontos, levantei algumas indicações para que nós, os profissionais da área, busquemos mais informações a fim de executar as nossas atividades com maior eficiência e êxito.

A transformação pela Inteligência Artificial (IA)

É inegável a importância da IA para acelerar a análise de dados, simplificar tarefas e combater a desinformação. No entanto, seu uso no jornalismo vai muito além de apenas gerar notícias ou auxiliar na escrita. Ela é muito mais que isso, porém é preciso saber usá-la de maneira eficaz para extrair respostas de qualidade e verdadeiras. Por exemplo, as ferramentas de IA podem ser treinadas para detectar fake news ou para gerar insights a partir de grandes volumes de dados. Para tanto, é fundamental que os profissionais da comunicação exerçam seu poder de investigação e questionamento, alimentando essas ferramentas com conteúdo de valor e, principalmente, contestando seus erros.

A urgência climática

Sem dúvida, as pautas sobre mudanças climáticas e seus efeitos crescem a cada dia. A cobertura é cada vez mais frequente e os jornalistas precisam entender a demanda e focar os eventos locais para prestar um serviço relevante para a comunidade. Também é importante que os jornalistas abordem temas sobre políticas públicas, o que pode auxiliar a população a pressionar por ações eficazes em resposta à crise climática.

Novos hábitos dos leitores

A forma como as notícias são consumidas se transforma a todo momento. Do papel para o digital, da escrita para a voz e imagens. Novas ferramentas surgem e é preciso encarar a necessidade de migração entre os meios de comunicação. Plataformas como WhatsApp, Facebook, Instagram e TikTok ocupam posições centrais no consumo de notícias e cabe ao jornalismo as adaptações necessárias para narrativas mais visuais e interativas, sendo a flexibilidade uma característica essencial para o profissional.

Batalha contra a desinformação

Se por um lado as tecnologias contribuem para a eficiência da comunicação, na outra ponta, usadas inadequadamente, favorecem a disseminação de desinformação. Assim, o jornalismo precisa investir em ferramentas e métodos para garantir a verificação da informação e a precisão das reportagens. É fundamental que os profissionais da área estejam alinhados com as estratégias para combater a desinformação. Técnicas de checagem de fatos em tempo real, uso de inteligência artificial para detectar notícias falsas e até mesmo a colaboração com plataformas de redes sociais para corrigir conteúdos errados são algumas das medidas que podem ajudar nessa luta.

Reduzir o “deserto de notícias”

Mesmo com a expansão de iniciativas digitais, muitas regiões convivem com a escassez de noticiários locais. Segundo o Atlas da Notícia, os desertos são municípios que não dispõem de informação jornalística local e, em seu último levantamento divulgado em 2022, eram 5 em cada 10 municípios brasileiros. Como informar essa população sobre os acontecimentos de onde vivem é um desafio. Projetos de jornalismo comunitário e parcerias entre veículos de maior porte e redações independentes são ações positivas para mudar o cenário.

Certamente, aqui estão apenas algumas questões que servem de base para orientar os caminhos do jornalismo e promover reflexões sobre os desafios que a profissão enfrenta. No dia a dia veremos como tudo isso evolui e, sem dúvida, com o olhar permanentemente atento, teremos muitos outros pontos para analisar ao longo de 2025.

Que venham boas notícias (no sentido da construção do texto e nos fatos que conseguimos cobrir)!

Crédito da imagem de chamada.

Andréa Campos é jornalista, pós-graduada em Comunicação e Mercados.