Cultura e diversidade não são tendências - são compromissos. Por Carla Lozardo.

Em um país como o Brasil, onde a pluralidade é a essência da identidade nacional, investir em cultura e diversidade não pode mais ser uma opção – é uma necessidade estratégica.

A cultura é viva, plural, pulsante. E o consumidor contemporâneo, especialmente as novas gerações (Geração Z e Alpha), não compra só produtos – compra valores. Segundo dados do relatório “Global Consumer Trends 2023”, da Euromonitor, mais de 60% dos consumidores globais afirmam preferir marcas que demonstram posicionamento claro sobre temas sociais e culturais.

No Brasil, esse comportamento é ainda mais intenso. Pesquisa da Globo/Think with Google aponta que 82% dos brasileiros esperam que marcas se posicionem em causas sociais. Porém, esse posicionamento não pode ser apenas estético ou episódico: precisa ser estruturado, contínuo e autêntico.

Diversidade não é sobre slogans em datas simbólicas. Ela se materializa em:

  • Contratações inclusivas;
  • Lideranças plurais;
  • Parcerias com coletivos culturais, artistas periféricos e produtores locais;
  • Apoio a projetos que representem o Brasil Global, fora do eixo tradicional.

Algumas empresas que já entenderam e aplicam isso na prática:

Levi’s

Patrocina ações como o Festival Favela Sounds e campanhas sobre representatividade e autenticidade, reforçando a ideia de moda como plataforma de identidade.
Resultado: rejuvenescimento de marca e conexão com cultura urbana.

Natura

Investiu mais de R$ 40 milhões em patrocínio cultural via leis de incentivo nos últimos anos. Atua com projetos liderados por mulheres negras e indígenas.
Resultado: associada à inovação social, liderança feminina e sustentabilidade.

Netflix Brasil

Criou programas como o Fundo para Narrativas Negras e Mais Brasil na Tela, investindo em criadores periféricos e histórias brasileiras fora do mainstream.
Resultado: fortalecimento da imagem de marca conectada à diversidade e criatividade local.

Ambev

Apoia o Festival Afropunk, promove narrativas de rua e desenvolve parcerias com coletivos de arte urbana e cultura negra.
Resultado: alinha consumo à representatividade e impacto cultural.

Coca-Cola Brasil

Através do Instituto Coca-Cola, apoia iniciativas de formação de jovens periféricos, além de incentivar manifestações culturais locais.
Resultado: reposicionamento em relação a impacto social.

Banco BV

Tem ampliado seu investimento em projetos que envolvem cultura urbana, educação financeira e impacto nas periferias.
Resultado: construção de marca cidadã e engajada.

Hoje, não se posicionar já é uma forma de se posicionar.

Apoiar cultura e diversidade é investir em reputação, inovação social e relevância duradoura.

Empresas que compreendem isso não apenas se conectam com seus públicos – ajudam a construir o futuro.

Carla Lozardo é administradora pela FAAP, pós-graduada por Belas Artes em Economia Criativa e MBA em Sustentabilidade e Economia Circular pela PUC/RS. Ama a cultura e acredita no seu poder transformador com impacto positivo na sociedade.