MUITO ALÉM DO TRINÔMIO 'E-S-G'. Por Manoel Marcondes Machado Neto.

Pretendo, neste artigo, trazer à consideração daqueles que se interessam pelo tema Governança Corporativa, a tese que jaz sob a concepção e desenvolvimento do Sistema 5R-INDEX (Manual + Aplicativo), o qual propõe algo inédito – uma Auditoria Funcional da Comunicação Organizacional (AFCO) para aferição do Índice de Transparência Ativa – exame aplicável a toda organização, de qualquer porte ou setor.

Tal inovação é resultado de uma pesquisa que liderei, credenciada pelo CNPq (*), intitulada “Transparência Ativa: construção de um novo conceito e de uma lógica transdisciplinar para a governança“, objeto de um Grupo de Pesquisa com mais 20 acadêmicos provenientes de diferentes campos do conhecimento que, transversalmente, tocam/influem sobre Transparência, Compliance e Governança.

Não se trata de uma análise da comunicação da organização, mas de uma análise de toda a organização sob o viés da comunicação

Concluída a tese – cujo rito científico constituiu-se de três defesas perante bancas examinadoras (num total de 14 professores) e a aplicação do exame (constituído de 210 quesitos baseados nas Melhores Práticas de Comunicação Organizacional – MPCO) em três organizações reais (voluntárias) -, constatou-se que, sim, a Comunicação deve somar-se ao Direito e às Ciências Contábeis na busca por uma transparência ativa, aquela que oferece-se antes mesmo de ser requerida. O que temos hoje é uma transparência passiva, a qual sempre envolve um requerimento, algo que a sociedade não mais considera satisfatório.

De novo

A hipótese – provada ao cabo da pesquisa – é que o binômio Direito-Finanças, o qual, atualmente, define transparência, precisa evoluir a um trinômio Direito-Finanças-Comunicação.

Não mais basta cumprir as leis civis pertinentes a cada setor de atividades e as normas contábeis-financeiras aplicáveis a cada tipo societário. É necessária a contribuição de mais uma área – a Comunicação, condição para que seja alcançado um patamar genuíno de accountability.

Quanto à(s) ferramenta(s) de comunicação a serem usadas, cada caso é um caso; pode ser um website, publicações em veículos de grande circulação, campanhas de web-marketing que abranjam redes sociais, canal para vídeos, canal para podcasts, a contratação de ombusperson, um canal não só de denúncias, mas de verdadeira interação, uma central de atendimento humano (não automatizada), a realização de micro-eventos físicos ou virtuais (incluindo o ambiente metaverso), patrocínios de cunho social, cultural, educacional ou ambiental, ações em pontos-de-venda/marketplaces etc.

Advogo que a abordagem E-S-G é insuficiente (vide dois artigos a respeito nos links abaixo) – um construto superficial, importado e imposto às organizações de cima para baixo, contando com o beneplácito de grande parte da classe falante brasileira constituída de managers, acadêmicos e jornalistas bem posicionados no que toca a visibilidade (não necessariamente a credibilidade).

O movimento (muito mais rico)

Na tese que fundamenta a inovação, proponho um approach muito mais abrangente e dinâmico, que engloba o E-S-G e vai adiante – a jusante e a montante – como representado no seguinte diagrama:

Conheça o Sistema 5R-INDEX (Manual + Aplicativo) e constate que muito além do E-S-G há uma abordagem que inclui conduta ética, decisões colegiadas, comunicação funcional, accountability e a transparência ativa.

Você verá que o exame AFCO encampa todas essas instâncias, oferecendo ao gestor uma garantia mais completa do que aquela que se vende hoje como E-S-G compliance.

(*) Todos os achados da pesquisa foram publicados – ao longo de sua duração (11 semestres) – no portal do Observatório da Comunicação Institucional, incubadora da inovação. São textos (artigos, colunas, relatos), e vídeos – sendo alguns disponíveis nos links abaixo:

Artigos

O compliance e a insuficiência do trinômio E-S-G (1).

O compliance e a insuficiência do trinômio E-S-G (2).

Vídeos

Entrevista com administrador e mestre em Administração Pública, Luiz Estevam Lopes Gonçalves.

Entrevista com a contadora e mestre em Ciências Contábeis, Viviane Miranda.

Entrevista com o especialista em T. I. e mestre em Engenharia de Sistemas e Computação, Celso Pieroni.

Entrevista com o publicitário e mestre em Psicologia Social, Alvaro Magalhães.

Manoel Marcondes Machado Neto é cofundador e diretor-presidente do Observatório da Comunicação Institucional. Doutor pela USP com pós-doutorado pela UFF, é professor associado da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ.