Comunicação estratégica das marcas, tecnologia e conteúdo gerado pelo usuário. Por Fernando Coelho.

Se você atua como planejamento e gestão de comunicação e não ouviu falar em user generated content (UGC), fique calmo, eu irei explicar. O termo significa conteúdo gerado pelo usuário, e é uma das grandes tendências para o ano de 2022, que, diga-se de passagem, já está batendo às nossas portas.

O consumidor hoje é prossumer, ou seja, consumidor e produtor de conteúdo. Com a transformação digital e o surgimento da cibercultura (a cultura digital), novos comportamentos surgiram, outros foram reconfigurados, e é essencial que marcas e gestores de comunicação avaliem as suas estratégias de criação de conteúdo, posicionamento de marca e relação com as personas do negócio.

De acordo com o Manifesto do Influencer Marketing, publicado em 2021, 82% das pessoas seguem recomendações de influenciadores digitais ao invés de personalidades e pessoas famosas. Isso significa dizer que as pessoas são mais influenciadas pelos indivíduos de que elas se sentem mais próximas (ainda que seja apenas na camada digital). Um outro estudo realizado pela Deloitte e destacado pela revista Mundo do Marketing, mostrou que a participação ativa dos consumidores nos canais da marca pode trazer benefícios como um crescimento no engajamento em cerca de 30%.

O ser humano é social mesmo antes das mídias digitais sociais. Sentar na porta de casa e bater papo com os vizinhos é um comportamento de rede social. No digital não é diferente, isso porque o nosso comportamento off-line é reproduzido no on-line. Nós gostamos de ver, seguir, falar, compartilhar, recomendar… somos seres antes de sermos digitais, sociais.

O estudo da Deloitte mostrou que gostamos de participar das estratégias de marcas para ajudar outros consumidores (nossos amigos ou rede) a escolher o que é melhor, e é neste ponto que as marcas devem redesenhar as suas estratégias de atração, interação e relacionamento com os leads e clientes.

Como as marcas podem utilizar o user generated content ?

1. O primeiro ponto é compreender a voz e perfil do cliente – entender sobre o que eles conversam, seus interesses e comunidades. A netnografia é um excelente método de levantamento de voz do cliente;

2. Após essa compreensão, a marca pode criar conversas em torno dos temas que estão em alta no ambiente digital e convidar o cliente/comunidade a falar sobre as suas experiências ou percepções;

3. Uma outra estratégia bastante assertiva é convidar os clientes mais engajados digitalmente para utilizar o seu produto – eles funcionam como espécie de nanoinfluenciadores e têm o poder de influenciar o que Castells chama de “rede da rede”.

Essas são algumas ações que as marcas podem realizar e repensar em seus planos de comunicação integrada associados a novas tecnologias e comportamentos cíbridos.

Fernando Coelho é autor do livro “Customer Experience Descomplicado” e mais 4 livros. Doutorando em Gamificação, mestre em Tecnologias Educacionais, MBA em Marketing, especialista em Administração Estratégica e especialista em Gestão e Docência do Ensino Superior. Coordenador de Relacionamento com o Cliente na Light Energia no Rio de Janeiro, professor de pós-graduação na ESPM RIO e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Marketing, Inovação e Experiência do Cliente da UNDB.