A comunicação e a cultura museal. Por Patrícia França.

Para falarmos sobre comunicação museal, antes de mais nada, temos que entender e definir o conceito de comunicação. Quando ela começa, de que forma e a quem se destina.

Segundo Scanlan (1979, p. 372), a comunicação é o processo de passar informações e entendimentos de uma pessoa para outra. Já para Chiavenato (2000, p. 142), comunicação é a troca de informações entre indivíduos.

Mas desde quando isso acontece?

Podemos dizer que o processo de comunicação existe desde os primórdios, sendo representado por sons, desenhos ou ainda expressões corporais. Indo um pouco mais longe, percebemos que nossa forma inicial de interação com o mundo externo vem do ventre, quando através de movimentos bruscos tentamos fazer nosso contato preliminar. Talvez seja nossa primeira forma de marketing pessoal.

Assim, começamos a perceber que o ato de comunicar algo é ao mesmo tempo simples e complexo, pois pode revelar ou esconder intenções. Além disso, os elementos utilizados para se transmitir informações possuem significados diferentes para cada indivíduo, seja em função de vivências, memórias ou histórias abrindo um leque rico de interpretações.

E como relacionamos nossa interpretação advinda da comunicação pessoal com a comunicação utilizada pelos museus para apresentar seu conteúdo e aproximar o público?

Podemos dizer que existem dois tipos de público: aquele que se sente inserido no universo museal (museus) e aquele que não se sente digno do mesmo. Mas por que dois mundos se dividem em um paradigma tão desigual? Na verdade, temos direito à cultura previsto não só na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, mas também na Constituição Brasileira em seu artigo 215 e nos parágrafos que o compõem através do texto:

‘O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º. A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais’.

Nesse cenário percebemos que a comunicação dentro dos museus acontece através da disseminação de informações, seja através de documentos, objetos, acervos digitais, exposições virtuais, seja por meio da memória ou da reunião de todos esses elementos.

As informações emitidas pela comunicação produzem mudanças tanto internas quanto externas. Essas transformações nos levam a questionamentos dos mais diferentes tipos, permitindo-nos reflexões diversas, além da disseminação do conhecimento aprendido.

É importante ressaltar que a comunicação no cenário cultural deve ser vista como algo palpável. Dessa forma, o processo deve ser pensado e planejado permitindo a compreensão clara do que está sendo apresentado. A linguagem precisa ser fácil e lúdica para que atinja todas as idades e classes sociais; só dessa forma o expectador se sentirá parte do ambiente.

Outro elemento de destaque na comunicação que envolve os museus é a educação. Essa é um pouco mais intrínseca devendo atingir não só o intelecto, mas o coração daquele que, em um determinado momento, participa do ambiente museal. Nesse caso, o indivíduo deve se sentir parte integrante do contexto apresentado passando a ser um fio conector entre a cultura e os ambientes externos. A empatia também é importante para a compreensão do que está sendo exposto tornando-se fundamental para que exista uma cumplicidade, um amor à primeira vista. Geralmente essa memória afetiva é formada desde a base escolar, onde aqueles que estão começando a dar os primeiros passos entendem de forma simples o conteúdo, passando a respeitar o significado daquela experiência especial. A partir daí os pequenos se tornam preservadores da memória e transformadores da história.

Referências:

SCANLAN, Burt K. Princípios de administração e comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 1979.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6a. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

Patrícia França é jornalista e publicitária formada pela PUC-Rio. Atualmente atua como assessora de imprensa de uma grande instituição museal.