Comportamento de consumo pós-pandemia: quais serão os novos padrões e quem será o novo consumidor digital.

O confinamento mundial e a necessidade do relacionamento exclusivamente virtual faz com que muitas pessoas da Geração X estejam experimentando as facilidades do ambiente virtual, tanto em nível de relacionamento, quanto de padrão de consumo.

A pandemia nos trouxe uma nova perspectiva de socialização, pertencimento e consumo. Nossos bens materiais ficaram em segundo plano e, por algum tempo, somos todos iguais, pertencentes ao mesmo cenário, dentro e fora das nossas distinções de classes. As marcas, que antes nos definiam, tornaram-se menos relevantes nesse momento. Diante deste contexto, como ressignificar nossos valores de consumo? Nossas necessidades de compra, que antes eram pautadas na convivência presencial, agora perdem força como fator de aceitação social.

Há alguns anos, a internet nos conectou para sempre, mas foram as Gerações Y, Z, Milênio e Alfa, as que rapidamente se adaptaram, tanto no consumo de bens, quanto na presença digital, através das redes sociais, da informação em tempo real e também do comércio eletrônico.

Durante este período de isolamento social, uma grande parte da população está experimentando essa modalidade de socialização e de consumo e, certamente, este comportamento tende a se instituir após o evento Coronavírus.

O momento nos convida a entrar em contato com algo que nos diz respeito, mas que dificilmente suportamos: a morte. A ideia de que existe um inimigo invisível e que, a qualquer momento, pode nos aniquilar, sem chance de luta ou fuga, pode provocar uma importante mudança em nossos comportamentos. A lógica que talvez passe a operar na vida das pessoas diante deste impasse é a de preservação da vida, de sobrevivência. É importante pensar que, partindo deste pressuposto, as marcas e organizações devam reavaliar a maneira como se comunicam e se posicionam diante de seu público. Uma maneira inteligente de fazer isso seria, além de buscar compreender a magnitude e complexidade da situação, alinhar-se ao que de fato todos estão buscando: a valorização da vida.

Diante disso, percebe-se que este é o momento de ressignificar as marcas, estabelecer novos vínculos e novos valores, além de ampliar as ofertas e os canais de comunicação virtual. A opinião pública, mais uma vez ganha o protagonismo a que tem direito. Marcas conscientes terão mais conexão afetiva com a sociedade.

Certamente a área de marketing tem muito a ganhar, considerando que o marketing digital pode levar as organizações a alcançarem espaços que antes estavam limitados ou não eram percebidos como essenciais para a sobrevivência do negócio.

Diante deste cenário, é indispensável rever as formas de ampliação do acesso ao ambiente digital, bem como a prestação de serviços digitais, repensando algumas áreas de interesse público.

Considerando esta nova realidade, busca-se desenhar um novo contexto organizacional, em vários âmbitos, a começar pela gestão do negócio, onde deverá haver fomento e incremento do empreendedorismo, reestruturação das operações produtivas, financeiras e de gestão de pessoas, além do redirecionamento das linhas de produtos, visando à adaptação aos novos formatos de consumo.

Quanto aos serviços, a inovação será o maior destaque nas organizações, através da busca de ineditismo ou criatividade. Além do serviço de qualidade, será necessário organizar e ampliar a comunicação online, adaptar horários de funcionamento, flexibilizar formas de pagamento, além de conhecer cada vez mais as necessidades dos consumidores.

A reputação corporativa e o compliance estarão cada vez mais em evidência, por isso, será necessário passar confiança aos clientes e à sociedade, ampliando o diálogo, a transparência, e o comprometimento social e ambiental, além de tornar mais eficazes os canais de comunicação, visando ao maior alcance junto aos consumidores e à sociedade como um todo.

Pensando no ambiente digital, haverá um incremento do trabalho virtual, a live deverá se consolidar como canal de comunicação direta, além de um novo canal de entretenimento. Também será possível perceber a ampliação dos espaços colaborativos, através do coworking e arranjos mercadológicos em formato de parcerias. Outro serviço prioritário para o marketing digital, será a ampliação das métricas de monitoramento de mídias sociais. As alianças estratégicas e o mix de serviços on e offline, trarão novas perspectivas de mercados e de
sustentabilidade do negócio.

A partir da volta ao convívio social e ao trabalho de forma geral, seremos com certeza uma sociedade mais madura e solidária, com novos valores, novas experiências e, certamente, novos desejos de consumo.

Pouco sabemos sobre o futuro da humanidade após a crise do Coronavírus, mas, certamente, nesse contexto tão atípico de convívio social e de consumo, o que vai ressignificar a reputação das organizações é o legado que elas deixarem, durante e após a pandemia.

Rose Gatelli é consultora e professora – rosegatelli@yahoo.com | Guilherme Gatelli Rodrigues é psicólogo – ggatellir@gmail.com