Como a maioria das pessoas reage a um movimento de mudança? Por Estevão Rocha.

Transformação de empresas é um fenômeno interpessoal, por isso deve-se em primeiro lugar reconhecer quem são as principais partes interessadas na transformação, estabelecer quais principais perspectivas de cada uma, garantir que a voz de cada parte é ouvida, e divulgar o processo de mudança para se obter consenso.

Segundo Tessa Basford (McKinsey Quarterly), transformações têm a melhor chance de sucesso quando se concentram em quatro ações principais para mudar a mentalidade e o comportamento das pessoas: criar modelos de comportamento em que as pessoas possam se espelhar, fomentar a compreensão e a convicção, reforçar a mudança por meio de mecanismos formais, desenvolver talentos e habilidades.

Na prática percebemos que as pessoas mudarão de mentalidade se você criar modelos de comportamento em que elas possam se espelhar porque as pessoas, enxergando seus líderes e colegas se comportarem de maneira diferente, poderão ter mais aceitação a mudarem também. As pessoas acabam imitando indivíduos e grupos que as cercam, consciente e inconscientemente.

Outra alternativa é fomentar a compreensão e a convicção – as pessoas entendem o que está sendo pedido a elas e entendem que isso faz sentido. As pessoas buscam congruência entre suas crenças e ações, acreditando no “porquê”. Acreditar no “porquê” inspira as pessoas a apoiar mudanças.

Reforçar a mudança com mecanismos formais é outra técnica interessante, na medida em que as recompensas positivas e consequências negativas a atitudes contra a transformação moldam o comportamento das pessoas, embora muitas vezes as organizações reforcem as coisas erradas.

Desenvolver talentos e habilidades é outra alternativa, na medida em que acreditamos que você pode ensinar novos truques a um cachorro velho! Nossos cérebros permanecem plásticos na idade adulta, e as pessoas abraçarão a mudança se acreditarem possuir as habilidades para sobreviver à transformação.

É recomendado também que os líderes desenvolvam um storytelling de transformação que ajude todas as partes interessadas a entenderem para onde a empresa está indo, por que está mudando e porque essa mudança é importante. Construir um ciclo de feedbacks para sentir como o storytelling está sendo recebido também é útil.

Estevão Rocha é professor de Turnaround na FIA Business School. Engenheiro naval (Poli/USP), com extensão em economia (Harvard), finanças e marketing (FEA/USP), tecnologia (Singularty University), e mestrando (University of Liverpool). Foi head global de M&A da Atento (NYSE), reestruturador de empresas pela KPMG e IVIX, diretor da G4S (LSE) e associado no private equity Artesia. Já assessorou mais de uma centena de empresas.