Mais um exemplo da criatividade em desfavor do leitor.

ODEBRECHT BY INFOGLOBO

O Jornalismo (sim, com ‘j’ maíusculo) anda em crise. Já não se sabe mais desde quando… e/ou até quando vai esta agonia… mas que a crise está aí não há dúvida.

E as empresas jornalísticas ajudam.. com criatividade, tecnologia e ‘novas práticas’ comerciais.

Só que, em nossa opinião, ao mesmo passo em que tais práticas inovadoras chegam, a credibilidade e a confiança do leitor vão… para nunca mais voltar… nem na versão ‘on line’.

Os dados confundem um pouco… Notícias daqui e de fora dão conta de tiragens que crescem… ou de assinantes ‘digitais’ que se ‘fidelizam’… mas a crise ‘dos anunciantes’ não dá mostras de acabar. O próprio negócio da propaganda dá sinais contraditórios frente às novas formas de negócio que surgem com a web da era das redes sociais. Notícia recente deu conta de que empresas de consultoria – como Accenture, McKinsey e Deloitte – vêm abocanhando ‘jobs’ que envolvem comunicação – da T.I. à T.I.C….

Mas vejamos o novo – mau – exemplo dado pelo jornal O Globo – ele mesmo, o criador dos malfadados ‘Projetos de Marketing’, uma forma disfarçada de informe publicitário. Agora surge o ‘produto’ intitulado ‘Conteúdo patrocinado produzido por Estúdio Infoglobo’ – uma espécie de ‘projeto de marketing’ elevado à enésima potência. O anúncio (o ‘nome da coisa’ não deve ser este no departamento comercial do jornal, mas…), de página inteira engana o leitor – com falsas ‘notícias’, como se matérias jornalísticas fossem. Uma tarja discreta, no alto da arte, mostra-esconde um ‘Odebrecht apresenta’… e aí vem a propaganda (a denominação também não deve ser esta no departamento comercial, mas…) ‘olímpica’, qual reúne – a la Dr. Frankenstein – Metrô (Linha 4), Transolímpica e ‘Novo Joá’ (aquele viaduto vizinho à desabada ciclovia Tim Maia).

Em nossa opinião, um escândalo. Sucesso que pode ser comercial, mas que só faz minar ainda mais a credibilidade – já claudicante – do único ‘grande’ jornal que sobrou no Rio de Janeiro. A única possibilidade de reversão deste quadro seria o surgimento de um novo empreendimento jornalístico para fazer frente ao ‘oligopólio’ – e terror das assessorias – de um destino só para seus ‘releases’: Infoglobo.

Na edição de hoje d’O Globo, à página 5.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).